quinta-feira, 24 de maio de 2012

Lula e o ressentimento do Estadão

Por Altamiro Borges
O Estadão até hoje não engole a popularidade de Lula. Nas eleições de 2010, ele apoiou, em editorial, o tucano José Serra e sofreu a sua terceira derrota seguida num pleito presidencial. Em seu conservadorismo saudoso dos tempos da Velha República, quando publicava anúncios da venda de escravos, o jornal da famiglia Mesquita é “prisioneiro do ressentimento” – como intitula o seu editorial de hoje (23).
O artigo critica o discurso de Lula por ocasião da entrega do título de Cidadão Paulistano na noite de segunda-feira. Nele, o ex-presidente abordou a tentativa de “parte da oposição e da imprensa” de derrubá-lo durante a crise do chamado mensalão do PT – em 2005/06. O Estadão deve ter se sentido incomodado, já que participou ativamente desta frustrada ação golpista.
Obsessões e fantasmas do jornalão
Rancoroso, o editorial afirma: “Mais velho e mais sofrido – e nem por isso mais sábio –, o ex-presidente Lula levou para a Câmara Municipal de São Paulo suas obsessões e os seus fantasmas: as elites e o mensalão”. Além de defender a gestão de Marta Suplicy, tão atacada pelas elites paulistanas e pelo Estadão, Lula ainda “repetiu pela enésima vez ‘que tentaram dar um golpe neste país’”.
Para a cínica famiglia Mesquita, a versão da história do ex-presidente é “falsa”. Não houve tentativa de golpe. Pelo contrário. “A oposição preferiu não pedir o seu impeachment para não traumatizar o país pela segunda vez em 13 anos... O presidente poderia ser afastado, se as elites quisessem levar a ferro e fogo o combate político. Se conspiração houve, em suma, foi para ‘deixar pra lá’”.
Surra histórica da mídia golpista
O ressentimento doentio do Estadão chega a ser patético. O jornal acha que as elites, inclusive a midiática, podem tudo! Elas é que teriam “salvado” o ex-presidente operário. O Estadão só não consegue explicar como Lula, apesar do bombardeio, manteve-se no poder, conseguiu se reeleger e ainda fez a sua sucessora. Lula derrotou a mídia golpista e o Estadão não engole esta surra histórica.

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