terça-feira, 4 de novembro de 2008

"FOME": chamem FHC e Zé Serra

Fonte: Desabafo País
Há poucos dias postei o tema “Críticas aos Programas Sociais” e retorno ao assunto, porque algumas colocações não foram feitas por falta de tempo e espaço. Enquanto funcionário do Banco do Brasil, trabalhei no Nordeste Brasileiro em duas oportunidades. Conheci comunidades extremamente carentes no sertão, na caatinga e também, ainda na região sudeste, no Vale do Rio Jequitinhonha. Após conhecer estas comunidades acreditei que pior não poderia existir, mas buscando as regiões mais distantes encontrei famílias no meio do nada em tamanha miséria, que deixam qualquer ser humano constrangido. Sem luz elétrica, sem água potável, sem saneamento nenhum, sem comida, remédios, médicos, dentistas.
Em todas as casas, se é que podemos chamar de casa, um fogão de barro e curiosamente apenas uma panela velha ou até uma lata, que descobri ser única porque o prato do dia, quando havia, também era único. Quase sempre somente arroz. Aos senhores que tanto criticam os programas sociais do Governo Lula a primeira informação. Quando digo “ARROZ”, não é o que vocês comem diariamente, aquele tipo 1, grãos inteiros, bem polidos, bonita embalagem, pré-seleção, mas sim a sobra das peneiras do engenho, os grãos quebrados, a quirera enfim, as sobras da mesa de vocês. O motivo? Porque é o que eles podem comprar, com o valor que vocês pagam por 1 quilo eles compram 2 quilos e com o que ganham do Governo Federal conseguem comprar para o mês todo. Sem ajuda? Nada, absolutamente nada. Fome total, doenças, elevada mortalidade infantil, pior do que já é. As críticas? Essas são fáceis. “Mortalidade infantil continua alta”, “A fome continua”, “Assistência médica não tem”, “Dentista pior ainda”.Mas com certeza algo está sendo feito para ajudar gente tão miserável e as coisas poderiam melhorar mais ainda se ao invés das críticas descabidas a destrutivas, tivéssemos ajuda e solidariedade. O povo miserável do Brasil vive no fio da navalha, no fio de línguas insensatas, que em momento nenhum lembram que suas críticas maldosas e venenosas, que tem o único objetivo de destruir o que está sendo feito, podem significar a vida ou a morte por inanição. Já ouvi vocês dizerem do alto de seus apartamentos, “que saiam de lá”. Então pergunto. Como? Para onde? Vocês vão lhes dar o que comer? Vão abriga-los em suas casas? Quem sabe na garagem? Desculpe, seu carro não pode ficar na rua. A maior parte de vocês não quer ver a miséria, sequer fixam o olhar numa cena miserável. Incomoda e é melhor não ver, afinal o que interessa mesmo é poder usa-los para criticar o governo, pois assim conseguirão tomar o poder novamente e dirigir o País da sua maneira, da maneira certa, daquele jeito que só vocês sabem. Onde o certo é concentrar renda para depois aplicar em bolsas e não dar emprego para ninguém, onde o certo é votar em seu ídolo Maluf para representá-los no Congresso Nacional, certamente a representação que vocês merecem, onde o certo é trazer o Pitta de volta, aquele pé de chinelo, pau mandado do Maluf, que enriqueceu da noite para o dia.O Brasil inteiro ainda paga a conta pelo Presidente que vocês elegeram. Sim porque nós estávamos lá com o Lula e o tempo todo dizendo o que iria acontecer, mas vocês preferiram o candidato da Globo, o Collor e deu no que deu. Não consigo acreditar que depois de tudo o que o País passou, vocês ainda tivessem a coragem de colocar aquele traste no Congresso Nacional. Repito, é a representação que merecem. Tragam de volta FHC e sua cambada, para que retomem a venda das estatais a troco de nada, para que os poderosos empresários enriqueçam cada vez mais para aplicarem nas bolsas, mandarem divisas para paraísos fiscais e deixa-los desempregados outra vez. Sim porque em desempregar pessoas são mestres e provavelmente já tem outro programa de demissões em massa, igual ao que implantaram no Banco do Brasil, roubando o fundo de pensão de 40.000 famílias para sanear o banco. Lutem, esperneiem e tragam de volta a corriola pefelista e quando o Brasil estiver na mesma cacaca que a Argentina, corram para as ruas, antes que seus filhos se tornem os próximos miseráveis, pintem a cara de vermelho e gritem “LULA LÁ”, que pode ser que o OPERÁRIO volte e conserte as bobagens dos DOUTORES. Não vou dizer mais nada, até porque não vão entender, pois se depois de tudo o que aconteceu, vocês ainda conseguem votar em Maluf e Collor, só podem ser cegos, surdos, burros e mal intencionados. Escrito por Ary Taunay Filho – articulista do Desabafo Brasil.

Mudança de Verdade


Por John Hemingway

Nesta terça-feira, a América vai eleger Barack Obama como seu próximo presidente. A mídia corporativa continua a falar em "disputa apertada" em "estados-chave", mas não consigo imaginar que alguém que saiba alguma coisa sobre o que está acontecendo na América acredite realmente nela. Deveria ser óbvio, mesmo para os mais ferrenhos neocons, que John McCain e sua recém-nascida subordinada Sarah Palin estão prestes a ser varridos do mapa político dos Estados Unidos.O Partido Republicano está em sérios apuros e os Democratas, sob a liderança de Obama, poderiam fazer muito mais para corrigir as obscenidades dos oito anos de mandato de Bush. Com a maioria absoluta tanto na Câmara quanto no Senado eles poderiam mudar qualquer coisa que eles quisessem, literalmente. As guerras no Afeganistão e no Iraque que desde o início eram ilegais e crimes contra a humanidade, você diz? Bem, elas poderiam terminar em um dia, simplesmente cortando as verbas que permitem a Bush continuar os massacres. Claro, eles poderiam ter feito isso lá atrás, em 2006, quando derrotaram os republicanos pela primeira vez, mas não o fizeram.Pensando bem, em 2006, eles também podiam ter afastado Bush por qualquer um dos inúmeros crimes cometidos contra a Constituição dos EUA, mas isso também não foi possível. "Impeachment está fora da agenda", disse a recém-eleita líder da maioria Nancy Pelosi (a mesma mulher que iria mais tarde empurrar para o contribuinte o plano de socorro aos banqueiros-gangsters de Wall Street).Falando de Wall Street e dos ladrões que continuam a dominar a América, a Câmara e o Senado controlados pelos Democratas poderiam ter votado leis, há dois anos, para regular os bancos de investimento que estavam vendendo títulos intoxicados pelo veneno "sub-prime", que agora estão promovendo a devastação financeira em todo o Globo. Mas não. Eles tinham coisas melhores para fazer, embora muitos deles, estou certo, tinham boas informações do que estava acontecendo e uma visão realista de onde a bolha imobiliária e os bilhões gastos na Guerra do Iraque iriam nos levar. Eles sabiam e poderiam ter feito muita coisa quando ainda havia tempo para evitar o desastre, mas preferiam não fazer.Em vez disso, quando começou o colapso e o mercado acionário estava perdendo uma média de 500 a 700 pontos diariamente, os democratas foram os mais entusiásticos incentivadores do brinde de 700 bilhões de dólares (para os mesmos criminosos que haviam causado o desastre). A liderança Democrática apoiou a maior transferência de riqueza dos pobres para os ricos na história do país. "Temos que salvar os bancos e os banqueiros para salvar o povo", eles nos diziam. Um pouco como os soldados dos EUA faziam quando incendiavam aldeias sul-vietnamitas com os seus isqueiros Zippo para "salvá-las" do Vietcong.Em 2007, o Censo dos EUA informou que aproximadamente 40% da riqueza do país era controlada por apenas 1% dos mais ricos, e que 10% eram donos de quase dois terços da riqueza da América. Estes são números que foram publicados no ano passado, antes da crise e do socorro e da descida diária do mercado de ações, e eles me lembram mais a disparidade de renda em regiões do sub-Saharan ou em ditaduras latino-americanas do tipo Pinochet, não nos Estados Unidos. E todavia foi nisso que nos tornamos. Uma oligarquia onde uma minúscula minoria da população define as políticas interna e externa e a cada quatro anos realiza eleições para que o resto de nós possa participar elegendo seus representantes, que irão gerir os bens (dos Estados Unidos) para seu benefício e uso exclusivo.Eu estou farto desse sistema de mentiras e terror e espero que, mais cedo ou mais tarde, o povo da América finalmente irá se levantar contra seus reguladores autocráticos e tomar de volta o que é seu, legítimamente seu. Mudança não é apenas necessária, como nos diz Obama, ela tem que ser também verdadeira.