terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

A Folha, a raposa e o galinheiro

Suzana Singer, nova ombudsman da Folha



Recentemente, a Folha de São Paulo divulgou mudança de comando em sua Redação. Sérgio D' Ávila, ex-correspondente em Washington, assumirá a editoria executiva do jornal substituindo Eleonora de Lucena, que está no cargo há 20 anos. 
Suzana Singer, ex-secretária de Redação, será substituída por Vinícius Mota, outro Mauricinho a la Fernando de Barros e Silva, aquele que substituiu Clóvis Rossi na página A2 do jornal na maior parte do tempo.
Passarinhos andaram contando que a mudança de comando tem relação com o ano eleitoral, fato que se confirma agora com a indicação de Singer para substituir Carlos Eduardo Lins da Silva no cargo de ombudsman. Ela assume em abril.
Será a raposa tomando conta do galinheiro. A mim já está explicado o que a Folha pretende fazer neste ano. Para vocês, a explicação está no próximo parágrafo.
Singer vem sendo, há anos, a pessoa que os ombudsmans vêm citando ao dizerem de respostas lacônicas da Redação da Folha rejeitando seus pedidos tímidos de maior isenção e responsabilidade do jornal.
Apesar de ser filha do cientista político Paul Singer, parentesco, para alguém que tem tanta influência numa redação como essa moça tem na Redação da Folha, jornal que já fez tudo o que fez, para mim não vale um centavo furado.
A guerra eleitoral deste ano promete. Haverá radicalização no bloqueio a essa vastidão imensa (é com pleonasmo mesmo) de denúncias e críticas ao comportamento partidarizado da mídia pró-Serra. A Folha mostra isso ao exterminar o cargo de ombudsman.
Como eu disse no post de domingo, o Carlos Eduardo ainda deixará saudade...


Piada pronta


De @emerluis, via Twitter

Ó o nome do advogado do Kassab: Alberto Rollo.
Porra, Kassab!




São Paulo segue ‘colhendo’

Atualizado às 21h20m de 22 de fevereiro de 2010





É importante que o país todo entenda por que o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM/SP), teve os seus três últimos anos de mandato “cassados” e, agora, “descassados” pela Justiça Eleitoral, pois cabia recurso. É importante porque, como já aconteceu na capital paulista, outro apadrinhado de um cacique político (do governador José Serra) resulta em prejuízos extremos para a mais complicada cidade do país.

Antes de prosseguir, porém, há que explicar por que São Paulo é “a cidade mais complicada do país”. Simplesmente porque governar esta cidade é como governar um país inteiro. A população da capital paulista é igual ou superior às de vários países menores sul-americanos, e a da grande São Paulo é quase do tamanho da população de um Peru ou de uma Venezuela.

São Paulo é uma cidade marcada talvez pelas mais evidentes assimetrias sociais do país, pois templos de luxo e de consumismo ou palácios exuberantes dignos de reis convivem com uma pobreza literalmente africana – e, aqui, cabe esclarecer que não vai nenhum preconceito quanto à África, que, de alguma maneira, se desenvolve, mas repúdio à afronta da miséria imensa que há séculos persiste naquele continente.

O sentido do texto, porém, é o de demonstrar o que o povo paulistano está colhendo de sua reiterada mania de escolher mal seus prefeitos, tendo que, a cada oito anos, eleger uma mulher de esquerda para pôr ordem na casa, só para entregar essa “casa”, mais adiante, a outro picareta que passa sobre a cidade como uma nuvem de gafanhotos.

Aconteceu com Jânio Quadros. Tivemos que eleger Luiza Erundina para apanhar da maioria preconceituosa de paulistanos, hipnotizada por nossos jornais-bíblias, e para nos consertar nossa burrada. Aconteceu de novo com a dupla Maluf-Pitta, que não carece de maiores comentários e da qual os estragos foram consertados por Marta Suplicy. E, agora, acontece mais uma vez com a dupla Serra-Kassab, que controla o segundo e o terceiro orçamentos do país. “Só” isso.

E quem acha que Kassab não pode ser “kassado”, engana-se. A Justiça eleitoral já andou cassando mandato até de governador – um, inclusive, do poderoso PSDB. Ora, o que há contra o prefeito paulistano e contra essa penca de vereadores de sua base de apoio na Câmara são doações vultosas às suas campanhas eleitorais em 2008, feitas por empreiteiros e prestadores de serviços à administração pública municipal.

Trocando em miúdos: Kassab e seus vereadores receberam dinheiro daqueles para os quais poderiam “facilitar” a vida, se é que vocês me entendem. São empreiteiras que, através de seu sindicato, doaram uma montanha de grana para aqueles que tomariam decisões sobre suas obras e as contratariam, ou um banco para o qual a atual administração paulistana direcionou parte importante de suas operações financeiras.

Digo desta forma que você viu acima para não nos perdermos nesses detalhes todos que a mídia põe em suas matérias justamente para tirar o foco do principal, de que o que há, em casos como os de Kassab e companhia, é corrupção. Aliás, como tem ocorrido com freqüência no partido dele.

E não me venham com essa história que os meios de comunicação a serviço da oposição ao governo Lula andam espalhando, de que um juiz inventou o percentual para recebimento legal de propin... digo, de “doação” eleitoral permitido para empresas como as que forraram as arcas tucano-pefelês em São Paulo, em Brasília etc.

Como se vê, o esquema paulistano é bem similar ao candango...

Tentam escamotear que havia regras para a eleição do ano retrasado e que a regra que ora pune Kassab estava em vigor, ou seja, foi violada e agora ele terá que responder pela violação. É só isso. Não há qualquer base para dizer que inventaram alguma lei contra Kassab.

Acusar o judiciário de ser petista é de um ridículo atroz. É o mesmo caso da “censura” ao Estadão. Daqui a pouco a questão estará no STF e a decisão que impediu o jornal de publicar informações sob segredo de Justiça não será revertida.

O Judiciário não é petista coisa nenhuma. Aliás, é presidido por um aliado inconteste de Fernando Henrique Cardoso, que tem agido e dado declarações como oposicionista sem parar. Essa gente não tem vergonha na cara.

Agora, os paulistanos estão colhendo cada fruto de votar errado que há para ser colhido. Estamos afundando na água com cocô, vidas estão sendo perdidas em São Paulo quase todos os dias como nunca antes na história deste país, acabou o estoque de recordes de chuva que tinham para se desculpar pela inépcia e, agora, a máquina desgovernada paulistana está às portas de ficar acéfala de vez, porque em parte já está.

Educação, Segurança Pública, tudo piora. As escolas públicas paulistas e paulistanas não param de perder posições nos certames nacionais e internacionais. A criminalidade aumenta a olhos vistos, com manipulação dos índices e tudo. Ficamos por aqui, aliás, senão vira outro texto...

E o que se vê na mídia? Nas tevês paulistas, ontem à noite, dois programas sobre política: o Em Questão, na TV Gazeta, e o Canal Livre, na TV Bandeirantes. O programa da Band passou ao largo do novo escândalo tucano-pefelê em São Paulo e o da Gazeta culpou o PT pelos escândalos da oposição a Lula.

Eis a explicação para os paulistanos estarem afundando na merda enquanto culpam quem não os governa, ou a si mesmos, pelo que estão sofrendo. Ou melhor, ESTAMOS sofrendo, porque mesmo não tendo votado errado como a maioria dos meus concidadãos estou tendo que pagar por seus erros. De novo.



Jornalismo de comadres



Do blog de Michel de Carvalho, via Twitter


Eduardo,  você viu as manchetes do útimo sábado?


GLOBO: PT APROVA PROGRAMA RADICAL PARA A CAMPANHA DE DILMA
FOLHA: PT APRESENTA PROGRAMA MAIS RADICAL PARA DILMA
ESTADÃO: PETISTAS DECIDEM RADICALIZAR PROJETO DE DILMA 



O ombudsman e o uso do tempo


Carlos Eduardo Lins da Silva
Foto de Eduardo Guimarães


Reproduzo, abaixo, a coluna de Carlos Eduardo Lins da Silva, ombudsman da Folha de São Paulo, publicada no jornal neste domingo (21/02). Em seguida, apresento os fatos e a minha opinião sobre o texto.

FOLHA DE SÃO PAULO
21 de fevereiro de 2010
1 é pouco, 2 é bom, 3 é demais
CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
QUANDO A FUNÇÃO de ombudsman foi criada neste jornal em 1989, o mandato para exercê-lo era de no máximo dois anos. Mais tarde, por razões que desconheço, resolveu-se que o prazo poderia se estender a até três anos.
Estou seguro de que dois anos é a medida certa. Como afirmou um de meus antecessores, Marcelo Leite, ao se despedir do trabalho, em 1997: "Sábia é a regra adotada na Folha que fixa o mandato do ombudsman em no máximo dois anos. Muito mais tempo no liquidificador, desandaria a liga delicada com leitores e Redação, como ovos, azeite e limão na maionese. A acidez prevaleceria, degradando uma invenção civilizada em grumos e azedume".
Leigos costumam achar que jornalismo é profissão sem rotina. Ledo engano. Todo ano tem Carnaval, Campeonato Brasileiro e enchentes em São Paulo; a cada dois, eleições e bienais; de dois em dois ou Copa do Mundo ou Olimpíada; todos os dias, fofocas políticas e denúncias de corrupção. Depois do segundo ano de críticas, ou o ombudsman já conseguiu convencer a Redação de algumas coisas ou dificilmente o fará, não importa quantas vezes mais volte a bater na mesma tecla. Discurso e reação começam a ser previsíveis e se tornam inúteis.
No meu caso, um terceiro mandato seria particularmente inviável por coincidir com uma eleição presidencial em que se exercitarão com força total os piores instintos de parcela pequena mas nefasta do eleitorado engajada na guerra sectária de partidos políticos que vem desgastando o tecido das relações sociais no país há alguns anos. A arena de debate político no Brasil se transformou para algumas pessoas em ringue de combate da modalidade "ultimate fight".
Para esses trogloditas do espírito, a força do argumento parece diretamente relacionada com a intensidade do insulto: acham que ganharão mais discípulos se conseguirem xingar mais alto e no mais baixo nível os seus inimigos. Não sou talhado para esse tipo de embate. Não tenho habilidade, disposição, instrumental para me sair bem nele. Se isso é o que se requer para garantir a sobrevivência das espécies neste ambiente social, prefiro estar entre as ameaçadas de extinção.
Acredito que a principal função do ombudsman seja estimular o diálogo honesto e racional entre leitor e Redação por meio de discussão respeitosa e cordial sobre erros em que o jornal possa incorrer e maneiras para que eles aconteçam menos no futuro e sobre eventuais distorções de percepção que leitores possam ter do trabalho jornalístico e da função da imprensa na sociedade. Isso será quase impossível fazer no ambiente carbonário que se pode antever da campanha eleitoral, em que tudo será reduzido por alguns a motivações partidárias, de um ou outro lado. E onde essas tropas de choque da intolerância sempre exigirão condenações morais de pecadores.
No magnífico filme recomendado ao fim do texto, atribui-se a Thomas More a seguinte resposta a alguém que lhe cobrava que se pronunciasse com vereditos definitivos sobre o caráter de seus adversários teológicos: "Eu não disponho de nenhuma janela para olhar a consciência de outro homem; eu não condeno ninguém". Creio que o ombudsman deve promover a dúvida, não corroborar certezas, como Albert Camus (cujo último livro, inacabado, indico ao lado) conseguiu fazer em pleno ambiente da Guerra Fria, quando muitos de seus antigos aliados o estigmatizaram por ele se recusar a acatar dogmas.
Acho que seria muito difícil, para mim, fazer isso neste ano eleitoral. As amostras que tive do poder destrutivo dessas forças da irracionalidade foram suficientes. Elas desrespeitam até o direito humano (artigo 12 da Declaração Universal) garantido pela Constituição (artigo 5) da inviolabilidade da correspondência. Uma troca de mensagens entre mim e um leitor foi apropriada por terceiro, que deturpou seu conteúdo, atribuiu a mim afirmações que eu não fizera e a endereçou a blogs de jornalistas, que a acolheram e a abriram a comentários sem jamais terem consultado nem o emissor nem o destinatário do e-mail se ele correspondia ao real. E alguns desses blogs são de pessoas que dizem lutar contra a falta de ética da "velha mídia conservadora".
Testemunho que a Folha manteve a integridade desta instituição nos meus dois mandatos. Mesmo nos episódios mais delicados, nunca recebi de ninguém da Redação ou a seu mando qualquer indicação sobre que temas eu deveria abordar ou evitar nem comentários sobre o que aqui foi publicado, que é inteira e exclusivamente de minha responsabilidade.

Pelo que pude entender, Carlos Eduardo apenas insinua que não pretende atender ao pedido do jornal que o emprega para que permaneça mais tempo no cargo de ombudsman. Contudo, devido ao espaço que o jornalista tem para fazer seus ataques, via insinuações, e à impossibilidade de os atacados o contestarem no mesmo espaço, impossibilidade decorrente da estratégia de quem ataca, este post se fez necessário.
Mantendo uma característica de sua personalidade que pude ver de perto, Carlos Eduardo evita dar nomes aos bois, permanecendo sempre nessa zona sombria entre a clareza e a escuridão que o caracteriza, o que torna injustas as acusações que fez à Blogosfera em geral e suspeito de que até a mim, especificamente.
Apesar de já ter repisado a explicação sobre por que digo isso, como a cada dia chegam novos leitores aqui julgo conveniente contar de novo a aproximação que mantive com o atual ombudsman da Folha de São Paulo em 2008.
Nosso primeiro contato pessoal foi em 20 de março daquele ano, quando, a convite de Carlos Eduardo, tivemos uma reunião em seu escritório na sede da Folha de São Paulo, na alameda Barão de Limeira, palco de três atos públicos do Movimento dos Sem Mídia, ONG que fundei com parte dos meus leitores. Na ocasião, o ombudsman deu uma entrevista a este blog que você pode conferir aqui.
É importante ler essa entrevista porque ela explica as razões que, mais adiante, me fariam interromper uma aproximação (de iniciativa exclusiva do Carlos Eduardo) que nos levou a almoçar três vezes num caro restaurante próximo à Folha – a convite dele nas três vezes, sendo que pagou o primeiro almoço e “rachamos” o segundo e o terceiro.
Esses contatos geraram até uma coluna dominical do ombudsman na qual ele me cita. Tal citação se deve aos almoços e conversas telefônicas e por e-mail que vínhamos mantendo, os quais interrompi posteriormente porque senti que estava tendo dificuldade para criticar o trabalho do ombudsman com isenção devido à amizade que estávamos mantendo.
Confira, abaixo, a coluna de Carlos Eduardo publicada na edição impressa da Folha em 15 de junho de 2008.

FOLHA DE SÃO PAULO
15 de junho de 2008
A questão do apartidarismo
CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
NESTA semana, o ombudsman recebeu 42 mensagens de leitores que se queixavam de falta de apartidarismo da Folha. Destas, 37 diziam que o jornal foi a favor do PSDB em diversos episódios e cinco achavam que ele favoreceu o PT. É muito para quem tem de responder a todas pessoal e individualmente. Mas não chegam a 20% do total endereçado ao ombudsman e são menos de 10% da correspondência enviada ao jornal e nem 0,01% do total de leitores.
Claro que não é o critério estatístico que determina a representatividade de um grupo de leitores. Os que se dirigem ao jornal, mesmo poucos, são significativos e importantes. Mesmo o contingente que se manifesta por motivação ideológica ou partidária é representativo e deve ser levado em conta pelo ombudsman, que tem de representar todos os leitores, inclusive aqueles que não se dirigem a ele.
O apartidarismo é um dos pilares do Projeto Folha desde 1984 e continua sendo, segundo manifestação da Secretaria de Redação a mim esta semana. Ele foi elevado a essa condição dentro de uma lógica de mercado, não ética nem política: o público leitor é composto por pessoas que têm diversas visões de mundo e o jornal não pode abrir mão de nenhum desses grupos.
Eduardo Guimarães, um dos mais incisivos críticos da mídia, com quem tenho intensas diferenças de opinião mas por quem tenho respeito intelectual, diz que um jornal que resolvesse alienar uma parcela dos leitores que vota num partido com o desempenho eleitoral que tem tido o PT no Brasil estaria dando um tiro no pé.
É verdade. Por que a Folha o faria? Uma hipótese é que estaria apostando que num futuro governo federal tucano, ela teria tantas vantagens que compensaria o prejuízo da alienação de leitores atual. Aí, entra-se no território das crenças porque é impossível comprovar essa teoria.
Eu não acredito nessa possibilidade. Se acreditasse, não teria aceitado o convite para ocupar este cargo e, se um dia vier a crer nela, eu o deixarei.  (...)

Posteriormente, cheguei até a participar, como palestrante, de um seminário na Câmara Municipal de São Paulo ao lado de Carlos Eduardo, Luiz Nassif e outros nomes importantes do jornalismo, da política e da comunicação em geral. Aliás, menos como palestrante do que como peixe fora d’água, diante de tão ilustres companheiros de mesa.
Mas, durante o ano passado, acabou a paciência que eu vinha tendo com o ombudsman desde o começo de nossa aproximação e que pode ser vista naquela tal entrevista que ele concedeu a este blog. Naquela ocasião, houve cordialidade entre o ombudsman e eu, cordialidade que espero que perdure.
Já não suportava mais o trabalho do Carlos Eduardo. O jornalista agia e age como se nada tivesse que ver com a Folha, mas ele é pago por ela. Quando nos reunimos pela primeira vez em seu escritório, pude presenciar, inclusive, esse pagamento sendo feito a ele pelas mãos da secretária que o jornal lhe disponibiliza. Ao aceitar ser pago, ele se torna parte do que a Folha faz.
O ombudsman ataca, fala em ética e falta de ética, faz acusações à Blogosfera e provavelmente a mim, atribuindo-nos radicalismos e outros comportamentos piores, esquecendo-se de que o jornal que o emprega é o mesmo que publicou falsificação de uma ficha policial de uma ministra do Estado na primeira página como se fosse verdadeira, que prestou serviços ao escroque Daniel Dantas e que acusou o presidente da República de “assassino” e de maníaco sexual.
Carlos Eduardo diz que “1 é pouco, 2 é bom, 3 é demais”, aludindo ao tempo de seu mandato como ombudsman. Penso que, quando o assunto é tempo, o que determina se é “pouco”, “bom” ou “demais” é o uso que se faz dele. O que o jornalista fez de seu tempo em tão importante cargo realmente torna demasiado um seu eventual terceiro mandato, ainda que eu suspeite de que seu sucessor nos fará sentir saudades suas.




O outro lado da história






Nós preferimos as vozes oposicionistas,
ainda quando mentirosas e injustas, ou
caluniosas, ao silêncio das ditaduras”
                         
                          Dilma Vana Rousseff



Desde 2005 que os concessionários do espaço público admitido como a forma de comunicação predominante no Brasil, a radiodifusão, iniciaram um processo de encampar abertamente um dos lados do embate político democrático  neste país.
Nesse processo, estando a grande mídia toda em um dos lados da disputa, sobrevém o inevitável: um dos lados é silenciado. Não completamente. Mas quando não se permite a alguns dizerem o que a outros é permitido, a censura existe.
Por obra e graça de fortunas amealhadas ao longo da história brasileira no século XX, basicamente quatro famílias amealharam o controle dos quatro maiores grupos de mídia nacionais, as Organizações Globo, o Grupo Folha, o Grupo Estado e a Editora Abril. Talvez não sejam os maiores em faturamento ou público, mas são os maiores em “amizades” políticas.
Esses grupos de mídia aliaram-se ao PSDB, ou a Fernando Henrique Cardoso e a José Serra, basicamente, bem como aos seus penduricalhos, como, por exemplo, o ora problemático PFL, ora travestido de Democratas. Feito isso, passaram a moldar todos os grandes meios de comunicação possíveis e imagináveis (com destaque para os eletrônicos, que são o que importa) à própria imagem e semelhança.
Escrevo, porém, inspirado pela Convenção do PT e pelo discurso empolgante da senhora Dilma Rousseeff naquela instância. Ela mostrou, em seu discurso, que chegou a hora de o lado do espectro político tão injustiçado pela grande mídia nos últimos anos ter como se dirigir em massa à nação. Que chegou a hora de o outro lado finalmente contar a sua versão da história.
Espero que essa história seja contada pela minha candidata à Presidência da República. Estou certo de que será tão empolgante quanto o seu discurso supra mencionado.


Na blogosfera você sabe antes 
Atualizado às 14h16m de 20 de fevereiro de 2010

 



Quem disse que é preciso ler aquilo que o Luis Nassif chama de “velha mídia”? Se você quer análises políticas de boa qualidade, às quais os colunistas da tal anciã midiática acabam tendo que chegar, fique na blogosfera. Aqui, você sabe antes.


Do site Viomundo em 19 de fevereiro de 2010 às 11h04m

SÉRGIO MALBERGIER: CARCARÁ NOS BANDEIRANTES

por Sérgio Malbergier, na Folha Online em 18 de fevereiro de 2010
O maior erro da oposição venezuelana, e a concorrência ao título é enorme, foi o boicote às eleições de 2005. O resultado foi um controle total do Legislativo, armação perfeita para o golpe constitucional chavista.
Oposição fraca geralmente significa democracia fraca. No cenário mais extremo, a oposição no Brasil pode virar residual em 2011 se José Serra não concorrer à Presidência.
As coisas já estão pela hora da morte. A prisão de José Arruda é outro prego no caixão do DEM, que um dia sonhou ser a direita renovada de que o país precisa.
O PSDB é um bloco de vaidosos desunidos, sãopaulocêntricos, indefiníveis (direitistas de esquerda ou esquerdistas de direita?), sem pose e sem discurso diante do sucesso estrondoso de Lula.
Mas o PSDB tem um candidato presidencial forte, José Serra, que, por recall, méritos ou algo que não sabemos, ainda lidera as pesquisas, mesmo fugindo da campanha e enfrentando uma máquina federal com força nunca antes empregada nesta nova República.
Estrategista, cerebral, Serra calcula que não precisa entrar na chuva para se molhar agora, com Lula e Dilma loucos por briga até para que a neopetista apareça e cresça.
Serra hesita, cheio de razões: a megapopularidade de Lula, a economia virtuosa, a fraqueza da oposição, a supermáquina federal.
A decisão é difícil para quem tem como quase certo mais quatro anos no Palácio dos Bandeirantes, a segunda cadeira mais importante do país.
A desistência de Serra transforma Dilma em favorita máxima, se já não o é. Abre também caminho para um segundo turno Dilma-Ciro e outras conseqüências sísmicas --uma Venezuela 2005 à brasileira, com a oposição, se não sumida como lá, pequena o suficiente para dar a PT e aliados maioria mais do que qualificada, capaz de desviar o país do consenso atual, tão tardio quanto essencial.
Pousou carcará no Palácio dos Bandeirantes. Se correr, o bicho pega, se ficar, ele come.

* Sérgio Malbergier é editor do caderno Dinheiro da Folha de S. Paulo. 


Do blog Cidadania.com em 29 de dezembro de 2009 às 12h06m


por Eduardo Guimarães

A relutância do governador José Serra em assumir sua candidatura à Presidência não é jogo de cena nem estratégia eleitoral. O fato é que, apesar de termos passado todo esse tempo vendo manchetes sobre como ele seria eleitoralmente forte, disputar com a candidata de Lula a sucessão presidencial será quase um suicídio para o tucano (...)

Por outro lado, a desistência de Serra seria fatal para a oposição de centro-direita (PSDB e DEM). O ex-PFL está praticamente morto. Desde 2002, vem se desidratando ao ponto de ter tido que mudar de nome para prolongar o processo de apodrecimento da legenda. Já o PSDB, sem um nome forte à sucessão de Lula e com a perspectiva de seus caciques do Norte e Nordeste nem se reelegerem, certamente encolheria muito.
A oposição que hoje está perdida, sem discurso e ultra-radicalizada ainda tem número no Congresso para causar problemas ao governo. Contudo, sem um cabeça-de-chapa em condições de ser o anti-Lula da vez – e, ao menos na próxima eleição, é o que será o candidato que polarizar com o PT –, nem mais isso a oposição terá.
Não sei até que ponto é bom para a democracia que um só grupo político consiga tal hegemonia, mas há que ressaltar que, se ela se concretizar, decorrerá não da ação do governo Lula e das forças que o apóiam, mas da estratégia burra e autoritária de seus adversários (...)
Concluo que Serra não tem mais como recuar. Terá que ir para o sacrifício disputando a eleição do ano que vem com a candidata de Lula para manter a oposição viva. Aécio Neves seria um fiasco ainda maior, em minha opinião. É um mero cacique regional que não vejo deslanchar.


Se você não tem Twitter


Comentário meu no Twitter sobre um post do principal blogueiro político da Globo, cuja audiência decorre de ser "linkado" no G1:

Do blog do Noblat

Falta espaço no Congresso do PT
O auditório do Centro de Eventos Ulysses Guimarães, em Brasília, está lotado, mais de duas mil pessoas estão no local e escutam a pré-candidata do PT à presidência da República, ministra Dilma Rousseff, fazer seu discurso. Além das cadeiras, os corredores e os fundos do auditório estão repletos de militantes em pé.
Agora há pouco Dilma disse: - Nós preferimos as vozes oposicionistas ainda quando mentirosas e injustas ou caluniosas ao silêncio das ditaduras. A militância fez barulho, bateu palmas e, em coro, cantou o nome de Dilma para presidente. Ela teve de interromper o discurso até que a platéia se acalmasse.

Do Twitter de Eduardo Guimarães



Meu Twitter é @eduguim



O baile de Lula

O baile de Lula






A Folha de São Paulo deve estar se mordendo de inveja da entrevista que Lula concedeu ao jornal que lhe faz uma oposição muito mais cerrada e que, à diferença do diário da Barão de Limeira, assume-se como corporativo que é ao praticamente não dar espaço em suas páginas aos seus “adversários” intelectuais na política, sejam dos partidos ou meros leitores.
A esta altura, todos já leram ou ouviram a entrevista que o presidente deu ao Estadão. Quem não leu ou ouviu, pode clicar aqui para saber do que estou falando. Mas que volte depois, por favor.
Quem só leu o material, porém, perdeu muito, porque a transcrição não foi integral e assim, até por conta da entonação das palavras, não poderá captar o tom do que aconteceu no que, a meu ver, não foi uma entrevista, mas um debate, de maneira que não irei me ater tanto ao conteúdo desse debate, mas ao fato político em si.
E o fato político é o seguinte: cinco jornalistas “cobras-criadas” não conseguiram encurralar o presidente nem uma só vez, sem falar que ele lhes deu várias aulas sobre vários assuntos e um certo número de lições de moral.
Mas, para não dizerem que não falei de flores, querem saber qual foi a resposta que mais gostei entre as muitas que o presidente da República deu ao jornalão paulista do alto de todo o brilhantismo de seu enorme português coloquial? Foi esta:

Estadão – Há quem tenha ficado assustado com a foto do sr. abraçando o Collor, depois de tudo o que passou na campanha de 1989.
Lula – O exercício da democracia exige que você faça política em função da realidade que vive. O Collor foi eleito senador pelo voto livre e direto do povo de Alagoas, tanto quanto foi eleito qualquer outro parlamentar. Ele está exercendo uma função institucional e merece da minha parte o mesmo respeito que eu dou ao Pedro Simon, que de vez em quando faz oposição, ao Jarbas Vasconcelos, que faz oposição. Se o Lula for convidado para determinadas coisas, não irá. Mas o presidente tem função institucional. Portanto, cumpre essa função para o bem do País e, até agora, tem dado certo.
  
De resto, mesmo que não deixassem Lula concluir suas idéias sem interrupção, que debatessem com ele em vez de perguntar, ele os calava com a propriedade de suas palavras várias e várias vezes. Quando tentavam rir das ironias que acreditavam estar fazendo, o presidente os acuava com assuntos nos quais têm que usar luvas brancas, como FHC ou as privatizações.
Lula disse tudo. Levou o “bambambam” Ricardo Gandour à loucura ao dizer na cara dele que o Estadão não tinha sustentação jurídica para suas acusações a Sarney e que não havia censura nenhuma. O homem não parava de gaguejar.  
O presidente ainda me esbanja tranqüilidade e confiança ao minimizar a culpa de Serra e de Kassab quanto às enchentes justo no momento em que os dois estão perdendo popularidade por conta do caos em São Paulo
Lula, meus caros, recusou-se a chutar adversários caídos, adversários que usam capangas para agredi-lo com virulência, fazendo até acusações como a daquele “filho do Brasil” lá da Folha, uma acusação que me fez colocar uma centena de pessoas diante do jornal no fim do ano passado para dizer umas poucas e boas àquela gente pelo desrespeito ao mínimo de ética no debate político.
Enfim, quero lhes dizer que em um dia em que andava meio desanimado, o show que Lula deu nesse debate (ou seria bate-boca?) com o Estadão me fez lembrar o por que de eu ter criado este blog, ou seja, por Lula ter me mostrado que um homem comum pode, sim, vencer barreiras supostamente intransponíveis e fazer a diferença.
Claro que jamais chegarei à sola do sapato de alguém como Lula, mas ele mostrou a todos os homens simples do povo que qualquer um tem o dever de tentar porque qualquer um pode vencer. No fim, tudo se resume àquela receita que Dona Lindu deu ao filho e que o filme sobre a vida desse fenômeno político mostrou recentemente: há que “teimar”. 


Uma tarde para reflexão




Já vivi mais da metade da minha vida e, como fumante que leva uma vida sedentária, que carrega sobrepeso e que precisa sobreviver em uma das cidades que tem das piores qualidades de vida urbana no mundo, não devo ir tão longe assim na vida terrena. Ando mais preocupado com a alma do que com o corpo, pois.
Ou talvez seja a idade... Quando era mais jovem, a injustiça social não me magoava tanto. De uns anos para cá, porém, assisti-la tem se tornado cada vez mais doloroso.
Não faltarão os que me chamarão de “demagogo”, como se eu tivesse qualquer pretensão em me candidatar a alguma coisa ou de obter qualquer recompensa ao dizer estas coisas. Entretanto, este blog tem quatro anos, há quatro anos dizem isso de mim e, no entanto, jamais se confirmou. E nem se confirmará.
De todas as injustiças, a que está mais próxima de mim – e que, portanto, é a que mais me afeta - é o racismo que se vê em cada esquina do país, com populações negras vivendo sob viadutos ou vagando por cidades como São Paulo como zumbis ao mesmo tempo em que livros dizendo que “não somos racistas” são publicados por brancos ricos.
Corta-me o coração, provoca-me lágrimas – juro por Deus! – ver essa humilhação cotidiana dessa maioria afrodescendente, responsável que é por mais da metade da população brasileira. Vê-la, ainda, sendo a etnia dos subalternos e sendo rara entre os médicos, os advogados, os governantes, os acadêmicos, revolta.
Quando surge uma política pública para equilibrar as coisas, aparecem os tais brancos ricos escrevendo os tais livros, ocupando colunas de jornais e programas de rádio e televisão para afirmar que pôr mais negros na universidade é racismo e que deixar que sejam tão poucos no ensino superior é que é o certo...
Desafio você, leitor, a sair dessa cadeira e ir até a favela mais próxima, em um país em que dificilmente alguma cidade não tem algum tipo de favela, e constatar a etnia amplamente majoritária dos favelados. Ali não haverá dificuldade em identificar quem é negro.
A pobreza e a injustiça, no Brasil, têm cor. Negar isso é desumano. Ver alguém dessa etnia negar o que seus irmãos sofrem, é de arrasar a alma. Sinceramente, os debates destes últimos dias me abalaram emocionalmente. Não senti raiva, senti tristeza. Muita, muita tristeza.
Vocês já devem ter notado que não consigo me afastar do assunto. Não é idéia fixa, é um processo. Não consigo entender por que essa gente age assim. Sinto um pouco de medo. Pessoas como essas freqüentemente assumem posições de comando. Governam, têm como fazer suas personalidades degeneradas causarem mais danos ainda.
Não tenho medo por mim, devo esclarecer. Sou considerado branco, no Brasil. Sou casado com uma loira, com filhos brancos. Vivo num bairro branco de classe média alta, apesar de essa não ser bem a minha realidade. Mas, como nasci em tal bairro, vivi a vida toda nele.
Tenho medo de um país tão hipócrita quanto este, no qual o sujeito defende barreiras para negros finalmente irem às universidades de ponta usando um discurso de que quem quer mudar essa situação é que é racista.
Tenho medo de um país em que vemos essa gente viver como animais debaixo de viadutos e não exigimos que o poder público resgate essas populações mesmo o país tendo dinheiro de sobra para fazê-lo.
Já disse muitas vezes que a dicotomia racial brasileira produz um fenômeno que nos países racialmente homogêneos inexiste, o de um setor da sociedade achar que o SEU povo é só aquele que tem a mesma etnia que a sua, e que, portanto, não deve sentir-se aviltado ao ver o outro setor étnico viver como vivem os negros neste país.
Não é idéia fixa, é um processo que estou vivendo. Por conta dele, hoje, ao menos, continuo não tendo vontade de comentar a pesquisa Ibope, que diz exatamente o mesmo que as outras recentes, ou a hipocrisia dos ex-aliados de José Roberto Arruda, agora “chocados” e “revoltados” contra ele.
Só quero refletir sobre tudo isso. Creio que preciso de um bom passeio. Hoje, sexta-feira, portanto, não trabalharei. Vou ao Ibirapuera andar, pensar e espairecer.
Não que eu não precise trabalhar. Preciso, e muito. Vocês não imaginam quanto está custando alimentar minha filha Victoria por via enteral (por meio de sonda no abdome). Mas não estou bem. Estou muito triste. Assim, aproveitarei uma das poucas vantagens de ser autônomo para cuidar da alma.
Volto à noite para ler o que vocês escreveram sobre esta reflexão e sobre os outros posts. Desculpem-me por travar um pouco a liberação de comentários. Espero que compreendam.





Eles combatem o social

Atualizado às 21h23m de 18 de fevereiro de 2010 

 



Parte dos mais de cem comentários de leitores ao último post que escrevi sobre cotas para negros nas universidades públicas me fez refletir sobre esse setor da sociedade que combate furiosamente os programas sociais do governo Lula enquanto diz que tais programas são iguais aos de FHC, ex-presidente que parte dessa parte dos comentaristas assume que prefere.
O fato, porém, é que venho constatando, em um blog que criei não só para explicar mas também para entender, que oposicionistas assumidos e dissimulados ao governo Lula não gostam dele porque, primordialmente, não querem distribuição de renda e de oportunidades no Brasil.
São todos de classe média para alta, esses que integram tal setor da sociedade. Em parte altamente expressiva, são moradores ou oriundos dos Estados do Sul e do Sudeste do Brasil, com destaque para São Paulo.
Não lhes tenho as fotos nem os conheço pessoalmente, mas tenho certeza absoluta de que, também em grande parte, são brancos e descendentes de europeus. Uma indicação disso são seus nomes estrangeiros e a outra é o seu discurso. Porém, alguns poucos, raríssimos, são negros...
De qualquer forma, são visceralmente contra os dois programas sociais mais exitosos do governo Lula, o Bolsa Família e as cotas para negros em universidades públicas, apesar de que o PROUNI é mais abrangente e menos repudiado, além de também sofrer oposição de parte daquela parte dos comentaristas que mencionei no primeiro parágrafo.
Apesar de os inimigos dos programas sociais fazerem parte de uma minoria cadente (do ponto de vista numérico), eles são extremamente barulhentos porque os discursos anti-sociais declarados ou dissimulados que entoam são os que praticamente todos os grandes jornais, tevês, rádios, revistas semanais e portais de internet fazem prevalecer através da supressão ou da minimização do contraditório.
No caso do Bolsa Família, são mais radicais: seria “esmola” e “compra de votos” e pronto. Fazem de conta que não escutam ou lêem quando se argumenta que o programa é mundialmente reconhecido como eficiente e apropriado, ou que esse programa gerou a nova classe média emergente que, inclusive, salvou o país da derrocada econômica no ano passado ao continuar consumindo enquanto as elites se retraíam, apavoradas.
Mas quando eles não têm como atacar o Bolsa Família por seus méritos ficarem mais evidentes naquele momento, dizem que é mera “continuação” do que fazia FHC. Então se recusam a reconhecer que os investimentos e a reestruturação do programa de transferência de renda levado a cabo por Lula são ações que impedem comparação com o programa de natureza análoga executado pelo antecessor do atual presidente.
Já na questão das cotas para negros, o discurso dos adversários dos programas sociais é mais elaborado, ainda que recorra à mentira pura e simples. Nesta questão, a ordem dos inimigos do social é enganar o maior número de pessoas possível.
Como não querem aceitar a premissa de que há discriminação racial no Brasil, escrevem livros neste sentido e falam de uma “democracia racial” reiteradamente desmentida pela exclusão do ensino superior da etnia majoritária neste país.
Os afrodescendentes são mais de cinqüenta por cento dos brasileiros, mas ocupam cerca de dez por cento das vagas no ensino superior público. A questão, portanto, é racial, por mais que inexistam raças. E, como raças não existem, os que querem perpetuar essa situação de exclusão racial – uma situação de existência comprovada – tratam de distorcer os fatos.
A primeira forma de manutenção da desigualdade racial no ensino superior público consiste em simplesmente não aceitar a existência do problema racial que os números COMPROVAM que existe nesse mesmo ensino superior público, qualificação que fico repetindo para não tentarem confundi-la com a do ensino superior em geral, onde o problema vai ficando menor graças ao PROUNI.
O problema é que o ensino superior público é pago por duas quase metades da população, uma branca e outra afrodescendente, mas a primeira “quase metade” fica com percentuais de cinqüenta, sessenta, setenta e até oitenta (!) por cento das vagas e a outra com cerca de dez por cento. O problema é “só” esse.
Estando provado que há um problema racial na distribuição de vagas entre as duas maiores etnias do país, um problema que eu diria bastante grave, a questão, agora, é saber como resolvê-lo. Pergunto, pois: um problema racial deve ser resolvido com uma medida racial ou com uma medida etnicamente genérica?
Aí eles vêm dizer que raças não existem, no que estão certos. Todavia, apesar de raças não existirem, nunca há dúvida sobre quem é ou não negro na hora de discriminar quem tem a pele mais escura ou apenas traços de negro devido ao cabelo, aos lábios, ao nariz.
Vão aos clubes chiques de São Paulo ou do Rio, por exemplo, e verão como eles sabem discriminar. Peguem qualquer um dos beneficiários das cotas e levem-no para uma sala de aula de um curso de medicina da USP e comparem-no, fisicamente, com a maioria absoluta que há ali e verão a disparidade. Podem negar, mas só para quem não fizer o teste.
É por isso que praticamente não existem médicos negros em São Paulo, seja no sistema público de saúde ou no privado. O mesmo se repete em muitas partes do Brasil. Mas como em São Paulo se conseguiu manter mais o bloqueio a negros na medicina, por exemplo, provavelmente o fenômeno irá durar mais tempo. Mas no resto do Brasil as coisas estão mudando e é graças a cotas étnicas.
Contudo, há outras estratégias dos inimigos do social para fazerem prevalecer seus interesses. Uma delas é cooptar negros satisfeitos com o merecido sucesso na vida que alcançaram através da educação valendo-se de eles aparentemente terem esquecido como é duro e injusto não ter perspectiva de sucesso na vida por não ter a cor “certa” da pele.
Outra forma é propor cotas que não funcionem, as ditas cotas “sociais”, que se baseiam em um patamar mínimo de renda. Têm a vantagem, para quem renega a existência do racismo, de não constituírem admissão da existência desse que é talvez o pior dos preconceitos. Ao não se reconhecer o racismo ficaria mais fácil esconder que ele existe, ao menos na cabeça dessas pessoas.
O problema é que cotas sociais não são tão efetivas quanto as raciais. Basta comparar as instituições de ensino que têm só as primeiras com as que têm as duas que se constará que universidade com cotas raciais abriga percentual maior de negros.
Isso acontece porque, ao se estabelecer um patamar de renda para benefício das cotas, os que estiverem em melhores condições de competir naquele segmento social continuarão ficando com as vagas, e os que têm maior condição de competir são sempre os brancos, do que o problema racial no ensino superior público, que descrevi acima, é prova inconteste.
A preocupação de todos os que querem justiça social deveria ser corrigir uma distorção grave em nossa sociedade, baseada simplesmente na cor da pele e nos traços exteriores das cabeças das pessoas. Esses que combatem o social, no entanto, sejam eles grandes meios de comunicação ou os membros predominantemente brancos do topo da pirâmide social, agem para manter a desigualdade racial.
Aqui foi descrito, pois, como eles agem, esses que combatem programas sociais que inegavelmente estão nivelando o Brasil regional e racialmente. E conhecê-los é o primeiro e o mais importante passo para combater seus esforços vis.


Dados públicos e notórios


Apesar de haver uma vastidão de dados  disponíveis na internet que comprovam todas as afirmações que faço neste post sobre a situação de exclusão do negro que ainda persiste no ensino superior apesar das combatidas iniciativas para mudar esse quadro, por absoluta má fé alguns leitores pedem provas de dados que são amplamente conhecidos por todos os que se dedicam à questão. Trocando em miúdos: ninguém sério nega que a proporção de negros e mestiços nas universidades públicas é absolutamente desigual em relação à de brancos, e ninguém nega que os negros e mestiços, de acordo com dados recentes do IBGE amplamente divulgados, já são maioria entre a população brasileira, tendo ultrapassado os 50%.
Desta maneira, começo a divulgar dados que comprovam minhas afirmações. E, para começar, o gráfico abaixo demonstra a situação encontrada por Lula nas universidades públicas quando assumiu, no que tange à distribuição de vagas por etnia nessas instituições. Clicando no gráfico abaixo, você terá acesso a um estudo bastante detalhado da época. Começarei, também, a publicar com freqüência informações mais detalhadas para demonstrar que a desigualdade racial no ensino superior é gravíssima no Brasil, conforme afirmo no texto que inicia este post, e que esse problema precisa de solução específica, pois é um problema específico que vitima aqueles dos quais os interesses particulares não comparto, mas apóio.


 








A injustiça é ‘democrática’

A injustiça é ‘democrática’

Atualizado às 23h05m de 17 de fevereiro de 2010 

 
Charles de Montesquieu (1689-1755)


Nos próximos dias 3, 4 e 5 de março, o Supremo Tribunal Federal promoverá uma série de audiências públicas envolvendo acadêmicos e ativistas políticos que discutirão a política de cotas raciais nas universidades públicas. Tais audiências buscam subsidiar decisão que a Suprema Corte tomará contra ou a favor da política afirmativa do governo Lula.
As cotas foram o primeiro assunto tratado neste blog. Na verdade, a interdição desse debate na mídia em 2006, ano da criação desta página, foi uma das causas de sua criação ao lado da tentativa da mídia e da oposição, naquela época, de derrubarem o governo Lula por conta do “mensalão” .
Escrevo inspirado por um texto sobre as audiências no STF que li no blog do Luis Nassif, no qual o ativista negro anticotas José Roberto Militão, que se diz “membro efetivo da Comissão de Assuntos AntiDiscriminatórios – CONAD-OAB/SP”, engrossa o coro de mentiras de que essa questão é alvo toda vez que é discutida publicamente.
Este post tentará mostrar, de forma direta e simples, por que as cotas para negros são uma exigência moral.
Antes, porém, devo esclarecer que sou branco, estudei em caras escolas particulares paulistanas tais como Dante Aligheri, São Luis e São Bento, e que meus filhos, hoje cursando o ensino superior – com exceção da caçula, que tem onze anos e é portadora de paralisia cerebral, e da segunda filha, que estuda inglês na Austrália –, também estudaram em escolas particulares da capital paulista (Regina Mundi e Cristo Rei).
A questão das cotas me revolta porque, para combatê-la – a meu ver numa tentativa vil de preservar a desigualdade de oportunidades em um dos países mais injustos do mundo –, seus inimigos chegam ao ponto de mentir descaradamente como o tal Militão fez no blog do Nassif ao dizer que 63% dos negros seriam contrários às cotas.
A mentira de Militão é facilmente desmontada por uma pesquisa de opinião do instituto Datafolha. Apesar de intencionalmente truncada por uma exposição de dados que permite confundir percentuais sobre grupos sociais com percentuais sobre o total da amostragem, a pesquisa revela que 66% dos afrodescendentes apóiam as cotas.
O que é doloroso nessa discussão é a mentira. E o mentiroso mais notório é o acadêmico de plantão da mídia para essa questão, Demétrio Magnoli, que sempre se cerca do cuidado de nunca debater de frente o alvo de sua campanha inglória a fim de poder mentir à vontade, participando de debates só com quem concorda com ele.
Sou alguém que não tem nenhum interesse particular nessa questão. Defendo as cotas raciais porque são a única forma de acabar com essa vergonha que era a (hoje) etnia majoritária da população brasileira responder por apenas 2% dos universitários no primeiro ano do governo Lula – hoje já são 10%, o que ainda é muito pouco porque os afrodescendentes já são mais de 50% dos brasileiros.
O que a discussão anti-cotas procura escamotear é que sem as cotas toda uma geração de jovens negros – e descendentes de negros, ditos “mestiços” – estaria condenada a não se formar.
Sob uma argumentação malandra de que seria preciso “melhorar a escola pública” em vez de instituir cotas raciais, os defensores da segregação intelectual étnica e dos privilégios para os filhos da elite branca tentam esconder que é impossível melhorar a escola pública ao ponto necessário em menos de uma geração.
A escola pública é obrigação de Estados e municípios. Quando vemos que o Estado mais rico da Federação tem uma escola pública que está entre as piores do país, só aí já se pode perceber que essa melhora ainda irá demorar muito e só acontecerá na hipótese ainda improvável de a população paulista, por exemplo, começar a eleger governos mais afinados com as demandas sociais.
Mesmo que, num passe de mágica, fosse possível igualar o nível das escolas públicas ao das escolas privadas a fim de que toda esta geração de jovens em idade escolar pudesse disputar uma vaga na universidade pública e gratuita (sustentada pelos impostos de brancos e negros), as disparidades de renda impediriam a igualdade de condições.
Uma questão desnuda o problema todo: como jovens que não têm meios de comprar livros, viajar, ir ao cinema e ao teatro como os filhos das classes sociais mais abastadas poderiam competir com eles intelectualmente?
As cotas, enfim, são necessárias porque o atual sistema de seleção de universitários, o famigerado “vestibular”, coloca jovens negros e pobres que não tiveram as mesmas oportunidades que jovens brancos de classe média e alta para disputarem com estes vagas em universidades públicas em igualdade de condições.
Meus filhos são prejudicados porque nem podem contar com crédito educativo dos bancos oficiais por terem estudado sempre em escolas particulares. Hoje custeiam seus estudos com o próprio trabalho porque, como tenho uma filha com paralisia cerebral (tendo que arcar com terapias caríssimas, pois o Estado não me dá nada), não posso ajudá-los. Mas não me queixo porque as escolas, o padrão de vida que pude lhes dar, permitiram que conseguissem melhores empregos.
Não quero privilégios para os meus filhos sobre aqueles que não tiveram as mesmas oportunidades que eles porque não quero um país injusto. Como bem preconizava o iluminista Montesquieu, “A injustiça que se faz a um é ameaça que se faz a todos”. Enquanto o Brasil for tão injusto, todos, em algum momento, estarão ameaçados.

Militão contesta

Sr. Eduardo,
A referência a 63% de afrobrasileiros ´contrários´ as leis raciais e cotas raciais é da única pesquisa exclusiva realizada no único estado em que vige leis raciais desde 2002: Rio de Janeiro. Encomendada e divulgada em 19/11/2008 (v. Google: CIDAN/IBPS) pelo CIDAN - Centro de Informação e Documentação do Artista Negro, fundado e dirigido por Zezé Mota e Carlos A. Medeiros, defensores de leis raciais, portanto, fonte merecedora de todo o crédito.
A vossa raivosa manifestação é indiciária do quanto o acolhimento de critérios raciais para segregação de direitos é assunto que produz sentimentos irracionais: é fonte de ódio e racismo.
Sou antigo ativista ´contra´ o racismo de 1980. Atuei para as conquistas constitucionais. Integrei a 1a Comissão de Regularização de Terras para Remanescentes de Quilombos, ITESP, portanto, o que tenho feito é ser um ativista ´contra´ o racismo, jamais para o acolhimento estatal da odiosa crença ´racial´.Fico às ordens.
José Roberto F. Militão | São Paulo | advogado  | 
Resposta:
Senhor Militão,
concordo que minha manifestação foi "raivosa" porque realmente a sua posição me dá raiva. Sendo um dos pouquíssimos da sua etnia que lograram vencer na vida (digo "pouquíssimos" diante da vastidão dos que não conseguem por pura injustiça social) através da educação, o senhor usa um dado isolado, como acaba de admitir, como se fosse regra. Ou seja: é mentira.

Militão treplica

Prezado Eduardo,
este é o teu portal e somente ouso visita-lo pois vc. trouxe minha atuação contra o racismo com comentário injurioso que desmenti. As insinuações de ´pau-mandado´ e ´negro´ bem sucedido não se me aplicam. Há 30 anos sou ativista contra o racismo, sem jamais ter feito disso o ganha pão.
A tua auto-comparação aos ´abolicionistas´ brancos chega a ser ridícula e presunçosa: Antonio Bento, Joaquim Nabuco, Rui Barbosa foram ativistas para acabar com a escravidão. Você está defende alforria de poucos e mantém a crença racial, e, por conseguinte, do racismo. Ora, política de cotas raciais é aquela financiada pelas Foudacion´$$ americanas (CIA) cujo propósito imperialista é inviabilizar a n/ harmonia racial, nos impondo os ódios raciais que construiram.
Coloquei em minha página uma carta com as razões de meu convencimento que, espero, seu espírito democrático a publique p/ envetuais interessados.
José Roberto F. Militão | São Paulo | advogado |

Resposta:
Prezado Militão,
façamos como o esquartejador, vamos por partes. Não houve comentário “injurioso”, apenas a constatação de que você cometeu a enormidade de transformar um estudo isolado, feito no âmbito do Rio de Janeiro, na opinião da maioria absoluta dos afrodescendentes brasileiros. Não é pouco...
Eu disse ao leitor que o chamou de “pau-mandado” que não achava que era o seu caso. Mas disse que você é um dos poucos negros bem-sucedidos, com curso superior, porque essa é a verdade. Basta você verificar qual é o percentual de negros com curso superior para ver que você é, sim, um dos poucos que lograram tal “façanha”.
Você diz que defendo a alforria de poucos, mas você defende a escravidão de todos. E como nem todos podem se formar, sejam brancos ou negros, defendo para estes um percentual de formados similar ao dos brancos.


O post incompleto do Josias

O post incompleto do Josias




Josias de Souza novamente escreveu um texto político quase realista. No fim do mês passado, então pela primeira vez no governo Lula ao menos cobrou com alguma propriedade o governador José Serra pelas enchentes.
Vale lembrar que esse blogueiro é o mesmo que, ano passado, xingou a ministra Dilma Rousseff e a ex-prefeita Marta Suplicy de vadias e vagabundas.
Enfim, desta vez o blogueiro escreve um post que novamente chega muito perto de ser honesto e esclarecedor. Só não chegou lá porque não foi escrito todo. Faltou uma parte crucial que explico depois do texto do Josias, logo abaixo.

Cúpula do DEM teme que Arruda abra a boca e o baú

por Josias de Souza

A informação de que o STJ estava prestes a decretar a prisão de José Roberto Arruda chegou à cúpula do DEM na véspera, com antecedência de quase 24 horas.
Alertados, integrantes da Executiva do partido analisaram em segredo os efeitos do terremoto brasiliense sobre a sigla. No centro da encrenca estava Paulo Octávio, um filiado que o DEM evitara lançar ao mar em dezembro do ano passado, quando o panetonegate explodira.
A iminência da prisão de Arruda reacendeu uma divisão que eletrifica os subterrâneos do DEM. A tribo ‘demo’ está cindida em dois grupos. De um lado, a turma do “mata-e-esfola”. Do outro, a ala do “deixa-como-tá-pra-ver-como-é-que-fica”.
Foram à mesa algumas propostas. Entre elas a dissolução do diretório do DEM-DF e o desembarque coletivo dos filiados da legenda dos quadros do GDF.
Um dos participantes das conversas contou ao repórter uma passagem emblemática. A certa altura, um dirigente do DEM disse que, antes de tomar qualquer providência, conviria ouvir o vice-governador Paulo Octávio, mandachuva da legenda no DF. Abespinhado, um senador interveio: “Você não está entendendo. O Paulo Octávio tem que ser expulso do partido”.
Lero vai, lero vem o DEM optou por administrar a crise a golpes de barriga. No dia seguinte, quinta-feira (11) da semana passada, sobreveio a prisão de Arruda. E o vice Paulo Octávio foi à cadeira de governador.
Reacendeu-se o incêndio que o DEM imaginara ter apagado em dezembro, no alvorecer do escândalo. O DEM tenta apregoar a lorota de que lida com o seu mensalão com um rigor que o PT não foi capaz de imprimir ao mensalão dele. Porém... Porém, a firmeza do DEM tem a consistência de um pote de gelatina.
Mesmo a exclusão de Arruda foi às manchetes com a forma de uma pseudoexpulsão. A Executiva do partido deu tempo a Arruda para recorrer ao Judiciário. Malogrado o recurso, o DEM deu prazo ao governador para se desfiliar, antecipando-se ao vexame da expulsão. De resto, a cúpula do DEM decidiu fingir que Paulo Octávio estava limpo. Uma ilusão que se desfaz nos desvãos do inquérito do panetonegate.
Para complicar, em pleno recesso do Congresso, o diretório brasiliense do DEM, comandado por Paulo Octávio, saiu-se com uma nota de apoio ao pseudoexpulso Arruda. Liderada por Demóstenes Torres e Ronaldo Caiado, a turma do “mata-e-esfola” voltou à carga. Acenou-se com a hipótese de dissolução do diretório de Brasília e abertura de processo contra Paulo Octávio.
Sob o barulho, vicejou, de novo, a inação. Como explicar? Simples: o pedaço do DEM adepto à tese do “deixa-como-tá-pra-ver-como-é-que-fica” lida com a crise movida pelo medo. Medo de que Arruda, agora hospedado no PF’s Inn, resolva abrir a boca e o baú que armazena os segredos financeiros do DEM.
Único governador eleito pela legenda em 2006, Arruda tornou-se um grande provedor do DEM. No pleito municipal de 2008, a máquina ‘demo’ de Brasília borrifou verbas nas arcas de comitês de campanha instalados em várias partes do país. Arruda ajudou a forrar, por exemplo, o caixa de campanha de Gilberto Kassab, o prefeito ‘demo’ reeleito em São Paulo.
A direção do partido alega que todo dinheiro vindo de empresas fornecedoras do GDF ingressou nos livros do DEM pela porta da frente, mediante recibo. A turma de Arruda insinua que a coisa não foi bem assim. Uma parte do dinheiro teria transitado por baixo da mesa.
As hesitações da direção do DEM tonificam as suspeitas. Paira no ar a impressão de que, se resolver destravar os dois ‘Bs’ que lhe restam (boca e baú), Arruda pode produzir um novo escândalo, tão devastador quanto o primeiro.

Sem mais delongas, já vou explicando a tal incompletude do texto de Josias. Ele esqueceu de dizer as conseqüências não só de Arruda abrir a boca, mas de haver intervenção no DF: se Kassab for envolvido Serra também será, por mais que tentem blindá-lo. E isso aconteceria em plena campanha eleitoral.