terça-feira, 2 de março de 2010

Quem vencerá a mídia

 



Poderão pensar que sou dado a vaticínios, mas se enganarão. O que faço, quando prevejo alguma coisa, é usar a lógica. Entendo que os fatos se encadeiam como números em uma equação e que os resultados desta, com as variáveis corretas sendo consideradas, podem ser absolutamente previsíveis.
Ao longo da primeira semana em que estourou a crise econômica mundial, em 2008, disse aqui, na contramão do sentimento então vigente de que a crise nos pegaria de jeito, que ela seria o que o presidente Lula disse, ou seja, seria uma marolinha.
Quem se der ao trabalho de acessar o histórico deste blog e for percorrendo o mês de setembro daquele ano, constará que não dei apenas um chute. Disse por que o Brasil não entraria em crise. Dei as razões e elas acabaram determinando o que ocorreria de fato.
O Brasil não tinha por que entrar em crise tendo um comércio exterior tão insipiente (diante de seu gigantesco e crescente PIB), um colchão de reservas de 200 bilhões de dólares, bancos oficiais montados em dinheiro e absolutamente saudáveis para suprir o crédito que escasseava mundialmente e um mercado interno de proporção continental.
Faço, agora, um novo “vaticínio”: a mídia será vencida neste ano. E, dali em diante, descobrirá que terá que mudar para reconquistar a confiança da sociedade. Ao fracassar em influir eleitoralmente na opinião pública, tentará entregar os anéis e salvar os dedos.
Hoje, quando dizem que o Brasil não acredita mais na mídia, ela dá de ombros. Se usasse a lógica, não faria isso.
Durante quase oito anos ela tentou “desconstruir” Lula. Acusou-o de tudo que se possa imaginar. Assassinato, perversões, vícios, corrupção, mitomania, deslealdade... Do que se puder pensar, Lula já foi acusado.
Pergunto: qual foi o resultado? Lula perdeu um único ponto percentual de popularidade? De acordo com as pesquisas da própria mídia, aconteceu o contrário.
E Dilma Rousseff? Não posso dizer que foi mais acusada e insultada do que Lula porque ele vive essa realidade midiática há pelo menos duas décadas, mas a virulência e o empenho com que foi atacada nos últimos dois anos daria para umas dez campanhas eleitorais.
O ano mais duro desse processo foi 2009. Já em janeiro surge o “dossiê” imaginário contra FHC, depois a ficha policial falsa, depois o caso Lina Vieira, tudo martelado sobre o público por milhões de edições de jornal e horas incontáveis de programação pelo espectro radioelétrico.
Análises políticas otimistas para a mídia e para a oposição a Lula infestaram todos os grandes meios de comunicação possíveis e imagináveis prevendo que Dilma não iria crescer nas pesquisas e que teria se inviabilizado por fatores absurdos como o seu suposto “mau gênio” ou por acusações que jamais ganharam fôlego por ausência absoluta de provas.
O resultado disso todos têm visto: Dilma cresce mais e cresce mais rápido do que se previa.
A mídia acha que Dilma teria crescido ainda mais, em todos os sentidos, se não tivesse sido atacada. Engana-se. Por isso se descredenciou como analista isenta.É senso comum que tevês, rádios, jornais etc. não gostam da ministra tanto quanto de Lula. É um fato verificável em qualquer conversa sobre política que surja em qualquer lugar do país. Até entre os menos politizados.
Simplesmente porque as acusações são sistemáticas e, claro, porque o acerto das políticas públicas dos últimos sete anos e tanto tem se transformado em bem estar social e em um sentimento mundial de que o Brasil é uma país que finalmente começa a assumir seu lugar de fato e de direito entre a comunidade das nações.
Parece-me gritantemente óbvio que a sociedade não acreditou em uma só palavra do que a mídia disse sobre Lula e sobre Dilma em todos estes anos. Se tivesse acreditado, o presidente não seria tão popular e a ministra não dispararia nas pesquisas.
A mídia diz que é porque Lula e Dilma fazem campanha antecipada, porque ela dança samba no Carnaval, vai a inaugurações, a comícios, a programas de auditório etc., e que Serra cai porque não faz nada disso.
É mentira. Serra está gastando milhões e milhões de reais em publicidade de seu governo enquanto São Paulo se afoga por falta de dinheiro nas obras de desassoreamento do rio Tietê e a locomoção trava, na capital do Estado, por falta de metrô.
O ensino público simplesmente não existe. O Estado, antes muito mais seguro do que o Rio, por exemplo, talvez já ultrapasse a insegurança que há por lá.
O governador paulista também não sai da mídia. Vai a programas de auditório, passa o Carnaval no Nordeste e sai fazendo campanha entre o público (morrendo de medo de ser tocado), gasta dinheiro de São Paulo para fazer mais publicidade em outros Estados, encena premiações internacionais etc.
A mídia acha que ninguém vê, mas está fatalmente enganada. Por isso ela será derrotada e Dilma Rousseff será eleita.
Cada vez mais, acho que só uma ruptura institucional pode impedir que isso aconteça. Não se trata de torcida ou previsão. É lógica. Se o conjunto da sociedade ignora os ataques a Dilma ao não lhe impor a menor dificuldade para se consolidar como candidata, certamente que acha que tentam destruí-la injustamente.
Entretanto, não serão Lula ou Dilma que vencerão a mídia. Não têm poder para isso. Só têm se mantido à tona porque uma entidade poderosa, que é quem de fato manda no país, permite. Quem derrotará a mídia será essa entidade, e ela se chama povo. 




Surge a Altercom






Entidade terá como objetivo defender interesses políticos e econômicos das empresas e empreendedores de comunicação comprometidos com os princípios da democratização do acesso à comunicação, da pluralidade e da liberdade de expressão. Quanto mais proprietários e empreendimentos de comunicação houver no país, maior será a liberdade de expressão: essa é uma das idéias centrais que anima a criação da Altercom, que defenderá também critérios mais claros e justos na aplicação de verbas públicas em publicidade.

Empresários, empreendedores individuais, estudantes, professores e ativistas da área da comunicação criaram sábado (27), em São Paulo, a Altercom – Associação Brasileira de Empresas e Empreendedores da Comunicação. Conforme ficou definido no encontro realizado durante todo o dia de sábado, a entidade terá como objetivo central defender os interesses políticos e econômicos das empresas e empreendedores de comunicação comprometidos com os princípios da democratização do acesso à comunicação, da pluralidade e da liberdade de expressão. Não a liberdade apenas para uns poucos grandes grupos midiáticos, como ocorre hoje, mas sim para a maioria da população que não tem respeitado hoje o direito à uma informação de qualidade.

Não há ‘saques’ no Chile


 



Acabo de falar com Antonio, um de meus clientes em Concepción, Chile, cidade na qual já estive bem uma dúzia de vezes desde 1991 e que, como se sabe, foi atingida por um terremoto que ficou entre os seis maiores sismos conhecidos.
Consegui falar com o Antonio porque ele está em Santiago, a 500 quilômetros de Concepción, e seu relato sobre a volta paulatina e rápida da normalidade na capital chilena condiz com a imagem que tenho do país mais civilizado da América Latina, não obstante os tantos desastres – inclusive políticos – que sobre ele já se abateram.
Encontrei meu amigo calmo. Falei com ele ao celular por cerca de dois minutos e a chamada caiu. Levei cerca de trinta minutos para conseguir refazer a ligação. Desta vez, conversamos perfeitamente bem.
Segundo o Antonio me relatou, há, sim, varios desaparecidos em Concepción, mas ele não teve amigos ou parentes que tenham sido atingidos e só conhece uma pessoa que tem alguém nessa situação.
Só caiu um edifício naquela cidade, e outro que estava em construção terá que ser demolido porque o abalo sísmico inviabilizou a obra.
Além disso, uma das pontes sobre o rio Biobio, o mais largo do Chile, ruiu parcialmente, e a outra está permitindo acesso com sérias limitações, o que isola parte da população e limita a entrega de tudo que é necessário em uma região atingida daquela forma.
As mortes em massa, segundo meu cliente, não ocorreram em Concepción como alguns veículos noticiaram, mas, sobretudo, em Talca, na 7ª Região (no Chile, os estados são chamados de “regiões” e, em vez de nomes, têm números).
A população está sem luz, telefone e internet. Contudo, ele fez questão de me esclarecer as notícias que estão chegando aqui sobre a ter havido “saques” aos supermercados.
De início estranhei. O Chile tem a povo mais educado e o mais alto padrão de vida da América Latina. O relato de Antonio, porém, me esclareceu a questão.
O que aconteceu foi que os supermercados, pensando puramente no lucro, fecharam as portas alegando que, não havendo luz, não haveria “condições” de atender o público. Conversa fiada. Não havia condições de cobrar pelos víveres, isso sim. Numa atitude que julgo irresponsável, esses supermercados simplesmente fecham as portas e a população que se dane.
É claro que, em uma situação dessas, alguns se aproveitam. Todavia, imagens como a de um homem levando nas costas uma geladeira roubada de um supermercado são apresentadas pela mídia como se essa fosse a regra, quando são exceções.
Sem ter como conseguir água e mantimentos bem depois do abalo sísmico, a população, ao encontrar os supermercados fechados, não teve outra alternativa que não fosse a de entrar à força e retirar o que não teria como conseguir de outra forma, porque a ajuda ainda tarda a chegar.
As pessoas ficaram furiosas com a atitude dos comerciantes. Nesse processo, certamente houve retaliações histéricas como levar outros produtos e até depredar os estabelecimentos. 
Agora eu lhes pergunto: onde é que isso é “saque”? Saque uma pinóia! Os próprios supermercados deveriam ter distribuído a comida em uma situação de calamidade pública. Falo de uma conduta que se chama humanidade. E ainda os comerciantes teriam evitado muitos prejuízos, pois a população ficaria agradecida.
Está sendo espalhada uma imagem distorcida do Chile. Se se quiser culpar a população chilena por alguma coisa, pode-se fazê-lo apenas por ela ter enveredado por um capitalismo selvagem em que parece que o ser humano foi colocado em segundo plano.


Os ‘despolitizados’




Fico me perguntando se é normal que a política seja feita como se faz nas Américas. Da Patagônia ao Alasca – com exceção, talvez, do Canadá –, é tudo na base da demonização mútua entre os postulantes.
Um lado diz que o outro representa a derrocada da nação. Tenta-se assustar o eleitorado com a possibilidade de vitória do adversário. Não há respeito entre os políticos e as mídias tratam de pôr lenha na fogueira.
O que resulta disso é esse debate raso que vemos, que faz tudo menos esclarecer o eleitorado.
A incivilidade do debate político que é travado nesta parte do mundo, é desoladora. Tenta-se induzir o cidadão a votar movido por sentimentos, jamais pela razão. E são sempre sentimentos negativos.
Isso sem falar no ridículo das análises da grande mídia. No sábado, logo que saiu a pesquisa Datafolha, li um comentarista, no site do Estadão, que escreveu um texto imenso para “provar” que Dilma e Serra não tinham aparecido empatados no limite da margem de erro.
A imprensa que temos não ajuda em absolutamente nada, pois. Só noticia picuinhas e acusações que, de cada dez, onze não dão em nada. Aliás, o caso Arruda foi o único, em muito tempo, que fugiu à regra.
E é a mesma coisa na Argentina, no México ou nos Estados Unidos. Tudo movido por uma união continental de empresários de mídia que enfiaram na cabeça que podem escolher um lado na política e elegê-lo.
Não que já não tenha sido assim. Era, mas não é mais – e faz tempo.
Há momentos em que, ao me ver em meio a tudo isso, sinto-me meio ridículo. Aliás, essa maioria supostamente despolitizada olha para os que gastam tempo com essas arengas como se estivesse olhando para ETs. E não dá a menor bola.
Se existe uma pregação que convence cada vez menos gente, é a pregação política. Sobretudo a pregação política disfarçada de jornalismo.
E, querem saber?, acho que esses “despolitizados” entendem muito mais de política do que qualquer um de nós, os supostamente “politizados”. Eles já aprenderam a não dar bola à política e a votarem com base no que estão vendo.
Claro que, às vezes, não olham direito e votam errado. Mas, pelo menos, erram sozinhos.



A desunião feminina

A desunião feminina

Atualizado às 15h36m de 28 de fevereiro de 2010 


 



Não se pode atribuir a nenhum fator político, ético, ideológico ou administrativo o fato de que a pré-candidata do PT à Presidência, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, tenha aparecido na pesquisa Datafolha divulgada no sábado com bem menos intenções de voto entre as mulheres do que entre os homens.
Apesar de ter 28% de apoio na média do eleitorado, entre as mulheres Dilma tem 24%, e o governador de São Paulo, José Serra, 33%. Entre o gênero masculino, Dilma e Serra estão empatados com 32%, do que se depreende que são elas que mantêm a petista abaixo do tucano, ainda que ambos estejam em situação de empate técnico.
Essa situação pode ter relação com a tão conhecida rivalidade feminina, característica de um gênero sempre ameaçado por rivais congêneres nas relações amorosas e conjugais com o sexo oposto. Em parte, portanto, nós homens somos os culpados devido à nossa maior infidelidade naquelas relações.
É uma característica feminina negativa, mas cada gênero tem a sua. Os homens, por exemplo, são irracionais em suas disputas de virilidade, mas convivem melhor entre eles. E a maioria das mulheres admite esse fenômeno.
Em um momento em que a racionalidade deve prevalecer a qualquer preço, não se pode admitir que um preconceito – e é disso que estamos falando – continue prevalecendo em uma atividade como a política, atividade em que as mulheres jamais tiveram representação equitativa, o que, inclusive, explica as piores condições sociais que afetam o gênero feminino, tais como receber piores salários etc.
Na política, por exemplo, devido ao fenômeno que prejudica Dilma, todas as mulheres são prejudicadas, não tendo representação suficiente no jogo do poder para mudar situações de inferioridade sócio-econômica que fatalmente as afetarão em algum momento da vida.
Segundo dados da Justiça Eleitoral referentes 2008, apesar de o art. 10, § 3º, da Lei nº 9.504/97 estabelecer que os partidos devem reservar um patamar mínimo de 30% de suas candidaturas a um dos sexos, dos 15.143 candidatos a prefeito apenas 1.670 eram mulheres, e dos 330.630 candidatos a vereador, apenas 72.476 eram representantes do sexo “frágil”.
Detalhe: o IBGE informa que há mais mulheres no Brasil do que homens. Para cada 100 mulheres, há 99,6 homens.
Aí nem se trata mais de Dilma ser ótima ou péssima candidata. Trata-se de as mulheres, nestas eleições, refletirem se suas razões para não votar em uma congênere não decorrem de puro preconceito.
Você, mulher que me lê, tem uma obrigação consigo mesma e com as suas pares de dar uma chacoalhada naquela sua amiga machista que acha que política é coisa de homem. Essa rivalidade entre as mulheres não é pior ou melhor do que os defeitos que acometem o sexo masculino, mas, na política, é um prejuízo a toda a sociedade.


Minha experiência com as mulheres


E se você, leitora, não crê em minha experiência com as mulheres, é porque não conhece quantas embelezam e enchem de alegria a minha vida. 
Escrevi este texto sobre a desunião entre as belas por minhas filhas, neta e esposa. Escrevi pensando no futuro, quando eu não mais estiver aqui para protegê-las.
No vídeo abaixo, minha cara, encontrará meu "currículo" na ciência feminina. Você verá o último almoço de Natal da minha família.


Por que Serra deverá concorrer

Atualizado às 09h31m de 28 de fevereiro de 2010 




Antes de adentrar o assunto propriamente dito, quero esclarecer uma coisa: não faço torcida eleitoral, aqui. O que não quer dizer que eu não torça. Espero, sim, que Dilma Rousseff se eleja a primeira presidente mulher do Brasil. Mas a minha torcida não é um fato, de maneira que a você, leitor, ela não interessa. O que lhe interessa é informação ponderada sobre o que pode acontecer na política, na economia etc.
Se é isso o que lhe interessa – e é –, então vou no caminho inverso da torcida. Quero que as pessoas façam opção eleitoral com base só em fatos e não em sentimentos, porque toda vez que o país vai a uma eleição baseado no que sente e não no que vê, quebra a cara. Collor é o último grande exemplo desse comportamento irracional em uma campanha à Presidência. 
Agora vamos ao fato que intitula este texto. Por que Serra deverá concorrer à Presidência da República? Simplesmente porque a direita brasileira não pode sucumbir eleitoralmente. E, se eleger bancadas de deputados e senadores amplamente minoritárias, o Brasil terá uma oposição débil além da conta, o que não é uma condição desejável para a democracia.
Por que Serra desistiria? Tem, ainda, uma posição forte para concorrer e toda a mídia com ele. Sairá da eleição maior do que entrou em qualquer caso. Tornar-se-á referência para a direita midiática brasileira. E seus aliados lhe deverão um favor eterno, pois terá evitado que a oposição a Dilma não tenha força para aprovar nenhuma CPI, nenhuma convocação de ministro, nadica de nada.
Isto é, se ele perder, claro, porque pode ganhar...
Ora, mas eu não quero esse quadro político no Brasil. Quero uma oposição viva e atuante, mesmo sendo para tentar sabotar. Não me sinto bem vivendo em um regime, que é o que se tornará o PT no poder, de forma tão hegemônica e por tanto tempo, sem que exista um contrapeso. E isso só não ocorrerá se a oposição tiver um puxador de votos.
Acho que não há nenhuma tese polêmica em que eu não divirja frontalmente da oposição ao governo Lula e suas manobras sabotadoras e desleais para manietar ou atrapalhar a governança do país. Contudo, uma oposição fiscalizadora foi uma das razões que fizeram este governo trabalhar como trabalhou por nós, os que nem cheiramos o aroma fresco e fácil do dinheiro público.
Em resumo: duvido de que Serra não seja candidato à sucessão do presidente Lula pela coligação PSDB-DEM-PPS, no mínimo.



Meandros do Datafolha


Alguns dados sobre a pesquisa que foram pouco divulgados:

– Na pesquisa espontânea, aquela em que o entrevistado cita seu candidato preferido sem receber sugestão de nomes do pesquisador, Dilma deixou Serra na poeira – agora tem 10%, e o tucano, 7%
– O conhecimento de Dilma como candidata de Lula cresceu de 52% para 59%. Nos segmentos de menor renda e menor escolaridade, a taxa subiu oito pontos percentuais, mas ainda é desconhecida COMO CANDIDATA DE LULA por mais de 50% dos entrevistados nesse segmento.
Há, aproximadamente, 14% de brasileiros que querem votar no candidato de Lula, mas não o fazem por desconhecê-lo. Em dezembro, eram 15%.
– Serra perdeu 3% de votos no Sudeste
– Apesar de a Folha de São Paulo estar dizendo que Lula tem sua mais baixa popularidade entre os mais ricos, ele é aprovado por 56% dos que têm renda acima de 10 salários mínimos.

– Como sempre acontece com as mulheres na política brasileira, entre elas a avaliação de Dilma é muito menor do que entre os homens. Só 24% delas se inclinam pela candidata, enquanto que entre os homens o percentual é de 32%.




Com a palavra, o Ibope

Atualizado às 21h31m de 27 de fevereiro de 2010






Factóide de emergência


Além da situação escandalosa do Ibope que vocês podem constatar no gráfico acima, é óbvio que o factóide de emergência da Folha de São Paulo envolvendo José Dirceu  no caso Eletronet, um factóide que caiu em questão de horas mas que  inundou o noticiário, teve o objetivo claro de interferir na pesquisa Datafolha divulgada neste sábado, pois um e outra aconteceram simultaneamente.


Empate técnico no 2o turno


O dado mais relevante da pesquisa Datafolha, a meu ver, é o cenário de segundo turno. Serra aparece com 45% das intenções de voto e Dilma com 41%. Em dezembro, Serra tinha 49% e Dilma 34%. Como a margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais, os dois candidatos, no embate direto, podem ter 43%.


Campanha antecipada Vs. Difamação antecipada


É óbvio que os tucanos, midiáticos ou não, vão dizer que Dilma sobe desse jeito por que estaria fazendo “campanha antecipada” ao lado de Lula. Como não querem apresentar os fatos, entregar-se-ão ao mais legítimo auto-engano e não quererão enxergar que Dilma está, sim, é sendo difamada de todas as formas na grande mídia há cerca de dois anos.


Desabafo no Twitter


Fiz um desabafo no Twitter sobre o Jornal Nacional ter escondido o Datafolha que devo compartilhar aqui.
Não se esqueça de que, nessa rede social, os twits (microposts) devem ser lidos de baixo para cima.
E se quiser me seguir no microblog, clique aqui 


O discurso moralista em 2010


 



Em uma única semana, dois factóides viraram pó em menos de 24 horas. O factóide da Eletronet naufragou na Folha de São Paulo e o do ex-prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel, naufragou na revista IstoÉ.
Há, por aí, os que tentam dar sobrevida a pacientes condenados. Fracassarão em dias ou semanas, no máximo, aumentando a descrença da população nas campanhas difamatórias dos políticos da direita e de seus meios de difusão.
Aliás, vale lembrar que a parcela da população brasileira não contaminada pelo restrito fla-flu tucano-petista, parcela que abarca quase toda essa população, só tem elementos para acreditar nas acusações ao DEM, ex-PFL, por razões óbvias, as quais, para os que têm suas interpretações de texto dificultadas pela ideologia, explico que é o único grupo político contra o qual os fatos são claros e inegáveis devido às prisões de alguns dos seus maiores expoentes.
Claro que há uma parcela da sociedade que está sendo enganada pelas tentativas de ludibriar encetadas por Globos, Folhas, Vejas, Estadões e suas ramificações no resto da mídia. Chegaram ao cúmulo de criticar Lula pelas trapalhada$ de seus adversários. Mas isso vai durar pouco, sobretudo se esse grupo político-midiático insistir no discurso moralista em 2010.
Eles estão se esquecendo de que podem dizer o que quiserem, agora, mas que, a partir de 17 de agosto, os dois lados terão voz na tevê e no rádio, meios que, no fim das contas, são o que importa hoje em termos de mídia quando se tem que falar ao país todo.
Então descobrirão quem é José Roberto Arruda, Yeda Crusius, Eduardo Azeredo, Cássio Cunha Lima etc. Tudo isso concomitantemente com a lembrança de que eles são crias da aliança tucano-pefelê que data, “apenas”, de 1994.
Também será possível divulgar, por exemplo, que Arruda ia ser candidato a vice-presidente na chapa do governador José Serra à Presidência da República, sobretudo se a oposição midiática insistir no discurso do moralismo.
Ainda assim, penso que a boa e velha Síndrome do Escorpião de que padece essa “subintelectual” direita brasileira impedirá que ela se controle e tente passar uma outra conversa mole no eleitorado.
Vejam que acabo de voltar de meu barbeiro reacionário. Veio com aquela história das “bombinhas da Dilminha terrorista” serem “um perigo”, e desandou a deitar falação sobre a “corrupção do PT”. Desmontei-lhe a conversa com duas perguntinhas curtas e secas. Mudou de assunto.
Não adianta explicar à direita tucano-pefelê, eu sei, mas, ainda assim, eu tento. Sabem por que? Porque tenho interesse em que o Serra tente me convencer a votar nele expondo o que pretende fazer com o país, se for eleito. Talvez, se entender que soltar seus mastins midiáticos não dará em nada, opte por ser honesto na campanha.
Ser honesto na campanha, tanto de um lado quanto do outro, será o candidato dizer que políticas públicas serão implementadas caso vença.
Como posso ter certeza do que farão com esse tesouro imenso que é o pré-sal? Será que não venderão – ou alienarão – tudo de novo aos estrangeiros?
Como posso confiar em um candidato que me diz que não, que não é bem assim, que não tem tanta riqueza lá, que ainda vai demorar umas três gerações para encontrarem algo que valha a pena e que, até lá, estaremos todos voando em aerocarros para ir ao trabalho?
Está na cara que querem vender tudo para encherem os bolsos exatamente como fizeram antes, quando fizeram privatizações no valor  de mais cem bilhões de reais e sumiram com a grana.
Como posso ter certeza de que o Estado estará atento e disposto a intervir para proteger a sociedade de cataclismos econômicos no caso uma nova crise internacional em vez de fazer como tucanos, pefelês e seus jornais e tevês pregavam que fosse feito no ano passado?
Como posso ter certeza de que um Serra não faria como Kassab fez em São Paulo e não desmontaria os programas sociais tornando-os cosméticos, fazendo voltar a ferver o caldeirão social que Lula esfriou?
Serra não está disposto a dizer nada disso porque é o candidato dos que defendem que quem se eleger presidente no ano que vem faça tudo o que acabo de escrever que não quero que seja feito. Se for desta maneira, “Nem a pau, Juvenal”.
Serra, para ganhar meu voto, teria que me provar que estou errado, que ele não faria nada disso. E, de quebra, ainda teria que me apresentar uma proposta do que fará, que teria que ser melhor e mais ousada do que a de Dilma Rousseff, quem, para mim, encarna a continuidade do projeto que conheço e aprovo.
Como o candidato tucano não terá meios de realizar tal proeza e como acho que a maioria esmagadora do eleitorado pensa como eu, tenho muita crença em que ele acabará mandando sua mídia persistir no discurso moralista.
“The book is on the table”, Serra...

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