sábado, 16 de maio de 2009

Uma Escolha a fazer


do blog Cidadania do Eduardo Guimarães

Acredito que chegamos ao fundo do poço da atuação da mídia brasileira, a menos que alguém sugira que ela pode fazer por aqui o que fez sua congênere venezuelana em 2002, o que, por enquanto, ainda me parece improvável, porque um golpe de Estado não se faz só com jornais e televisões e a oposição de direita ainda parece achar que pode retomar o poder pelo voto, por mais que essa disposição pareça estar diminuindo.

Mas, de uma coisa, ninguém duvida: a direita está radicalizando sua oposição ao governo Lula com vistas a retomar o poder em 2010, e a estratégia insana escolhida por Fernando Henrique Cardoso, José Serra e as famílias Marinho, Civita, Frias e Mesquita parece ter sido a de um bombardeio de saturação daquele tipo que promovem os exércitos norte-americanos em guerras como a do Iraque, nas quais despedaçar mulheres e crianças é considerado “efeito colateral”.

Como numa guerra, vale tudo. Parece que não há mais custo a ser considerado inaceitável pela oposição político-midiática. Nem para o país, nem para a ética, nem para o futuro. Vale sabotar a economia – no momento em que ela enfrenta a maior ameaça externa em um século –, as instituições, a Saúde Pública ou a ordem econômica, tudo isso visando tirar a esperança dos brasileiros numa melhora do país, a fim de que mudem o comando do Estado no ano que vem.

Há um prêmio que tornou ainda mais desejável o controle do Estado brasileiro e que poderá construir fortunas impressionantes à custa do roubo daquele prêmio por um eventual novo governo do PSDB, o qual entregará o produto do roubo a grupos empresariais nacionais e estrangeiros ligados às empresas de comunicação das famílias supra mencionadas.

Para quem não adivinhou ainda, refiro-me ao pré-sal. Esse é o objetivo da luta virulenta a que se entregou a oposição político-midiática. Com as novas e vastas reservas de petróleo do país se farão fortunas, caso o PSDB e o PFL consigam retomar o controle do Estado. Farão a privataria da era FHC parecer pinto. Entregarão tudo a preço de banana e aumentarão o próprio poder econômico de maneira inimaginável.

Isso sem falar do “arroz com feijão” que poderão “privatizar” governando um país como o Brasil, pois é para isso que estão na política, para ajudar o estreito setor da sociedade que concentra quase toda a renda no Brasil a manter o que concentrou e a ampliar essa concentração de renda, invertendo o processo de distribuição ora em curso.

Eu e vocês, leitores, não perderemos muito com isso. A maioria de nós já se estabilizou na vida – uns mais, outros menos. Pode-se dizer, assim, que todos os que aqui estamos temos conseguido sobreviver com dignidade e com mais ou menos conforto, de maneira que muitos estarão tentados a empurrar com a barriga essa situação e a se conformarem se ela agraciar com a vitória esses pretensos saqueadores do Brasil que tentarão governá-lo a partir de 2011.

Não direi que não sofro essa tentação de me acomodar. Tem sido muito desgastante viver esse embate contra um poder imenso diante do qual um mero cidadão sente-se muito mais do que impotente, chegando a sentir-se insano por desafiar uma máquina que é preciso muito mais do que palavras para desarticular.

A gente tem que conviver o tempo todo com elogios agradáveis, mas também com ataques terríveis. A caixa de comentários deste blog, em sua gaveta de comentários bloqueados, constitui material para um livro que aos poucos vou escrevendo e que pretendo publicar um dia, que em certo capítulo abordará o lado negro, imoral, impiedoso, mesquinho e até assustador do ser humano.

Só os insultos já fariam qualquer um desistir, mas há ameaças também. Há gente escrevendo aqui que “pagarei” em algum lugar “no futuro” pela luta que tenho travado contra esse poder discricionário. Está tudo registrado. Se algum dia me acontecer alguma coisa, todos saberão onde procurar os culpados. Seus comentários estão registrados aqui com número de IP, dia, hora e tudo mais.

A vontade de desistir, portanto, é atraente – e quase compulsória. Os elogios são bons, claro, mas os ataques são ferinos e assustadores. Com efeito, uma carícia produz muito menos efeito do que uma facada.

Minha mulher, por exemplo, é contrária ao meu ativismo político e ao jornalismo cidadão no qual invisto meu tempo. E posso entender seus motivos. Temos a questão da criança dependente da qual teremos que cuidar e sustentar para o resto de nossas vidas e ganhar a vida anda dificílimo, sobretudo num momento de crise.

Por outro lado, temos a situação política no Brasil que descrevi acima. O país está sob uma ameaça poucas vezes vista em mais de cem anos de história republicana. Está, pois, em nossas mãos ajudar este país a dar um salto imenso e a se tornar uma potência, um país de Primeiro Mundo em não mais do que uma década, se nos dispusermos a enfrentar aquele setor minúsculo da sociedade que impediu até hoje que esta pátria fosse o que já deveria ser há muito tempo.

Eu e vocês temos que fazer uma escolha. Todos os cidadãos responsáveis e lúcidos deste país têm que fazer essa mesma escolha. Estão dispensados apenas os que usufruem deste status quo iníquo, imoral, cruel que vige no Brasil, pois não se pedirá ao câncer que se auto-extirpe. E a escolha é entre nossas questões pessoais e mundanas e o interesse maior da nação.

De minha parte, sinto-me sempre inclinado a lutar pelo que é mais alto e relevante para todos, pois, em meu ideário de vida, o benefício generalizado é o melhor e mais justo para o interesse individual, pois quando se pensa na coletividade o lucro individual é generalizado, extensível a todos, sem deixar ninguém de fora. Já o interesse individual, trabalha para retirar de seu principal interessado o benefício que viria para todos.

Contudo, minha escolha individual dependerá das escolhas de todos aqueles para os quais faço esta pregação diária independentemente de ser fim de semana, feriado e de ser horário comercial ou não, sempre de forma absolutamente voluntária e sem qualquer interesse econômico ou profissional.

Estou engendrando um plano de ação. Eles radicalizaram, então nós também temos que radicalizar. E, mais uma vez, estou disposto a assumir os riscos de promover uma ação concreta e de visibilidade contra essa hidra político-midiática que ameaça o Brasil. Só que terá que ser uma ação inédita, a maior de todas, não importando quanto tempo leve para ser organizada, mas que chame com força a atenção da sociedade para o plano da direita golpista de saquear as riquezas nacionais.

Ainda não tenho o plano engendrado, ainda que tenha um embrião de idéia em gestação. Em algumas semanas deverei fazer um comunicado aqui que irá surpreendê-los, e isto é só o que posso lhes dizer neste momento. Mas também estou refletindo e analisando outras opções. Quem quiser fazer sugestões corajosas, ponderadas e sobretudo viáveis, contará com meu agradecimento e minha admiração.

Mas o fato é um só: todos os que têm um mínimo de amor por este país temos uma escolha muito séria a fazer – eu, inclusive. Ou lutamos com a mesma disposição dos saqueadores privatistas ou nos convertemos em cínicos que só trabalham com a retórica ao exigirem de outros o que não se dispõem a fazer. As reações que se vier a colher às propostas que serão feitas aqui proximamente determinarão se agiremos ou se penduraremos nossas chuteiras cívicas.


Opinião

Como Lula deveria reagir

Uma coisa sou obrigado a reconhecer: criticar Lula hoje provoca em alguns de seus apoiadores reações quase tão insensatas quanto criticar a oposição também provoca entre os que da mesma maneira a apóiam.

Só não são tão insensatas as reações de alguns apoiadores de Lula quanto são as daquela turminha que escreve com dois eles o nome dele porque aquelas reações são honestas – mesmo erradas, pensam estar acertando – e estas são, em geral, mal-intencionadas.

As boas intenções dos pró-Lula, porém, não omitem um fato inquestionável: é verdade que os que defendem o presidente por razões justas ficam na defensiva de uma tal maneira que acabam se negando a ver o que é inegável.

Vejam que reclamei da pouca contundência e da demora de Lula ao reagir e de como ele acusou de forma muito branda a conduta da oposição e já foram logo me perguntando o que mais que eu queria que o presidente fizesse.

Ironizaram se eu queria que ele convocasse uma rede nacional de rádio e tevê “de três minutos” ou se talvez eu quisesse que ele “fechasse o Congresso”.

Perdôo os insultos de quem disse isso só porque alguns estão de tal maneira traumatizados e dopados pelos ataques incessantes e injustos que o presidente recebe que acabam abrindo mão até das críticas mais necessárias e construtivas nos momentos mais cruciais.

Essas pessoas não estão enxergando o que a oposição pretende, aquilo que ela tem tido até relativo sucesso em conseguir e que até o próprio Lula já disse que aconteceu, mesmo que por interpostas palavras.

Já há várias semanas que o presidente disse que o alarmismo da mídia fez a economia desandar mais em dezembro do ano passado do que deveria ter desandado por conta da crise, e que isso exacerbou as demissões no Brasil produzindo aquele número tétrico de 600 mil desempregados que o PIG explorou com tanto prazer.

Vocês que apóiam Lula com toda essa paixão – e eu também o apóio, sim, mas com o cérebro, pois coração não pode entrar no apoio a um político –, respondam-me: precipitar uma crise econômica no Brasil e provocar desemprego em massa por acaso não seriam crimes?

E provocar uma corrida aos bancos para sacar depósitos nas cadernetas de poupança, não é crime?

E enfraquecer a maior empresa brasileira num momento em que ela está numa negociação crucial para levantar recursos a fim de explorar o eldorado brasileiro, o pré-sal, por acaso não seria um monstruoso crime de lesa-pátria?

E o que é que se faz com criminosos? Mostra-se o beicinho a eles ou deve-se acusá-los com gravidade, pompa, circunstância e todas as demais formalidades bem diante da nação, inclusive denunciando-os à Justiça?

Para mim, essa gente está delinqüindo faz muito tempo. E não estou me referindo ao fato metaforicamente, mas textualmente: acho que mídia e oposição já cometeram C-R-I-M-E-S em demasia.

Mataram gente por conta do alarmismo na questão da febre amarela (a oposição tucano-pefelê e a mídia, para mim, são a mesma coisa), aprofundaram a crise econômica no país em dezembro e provocaram tumulto na ordem econômica na questão da poupança.

Para mim, basta. É motivo para uma atitude muito mais séria: denunciar os criminosos ao país em rede nacional e formalmente à Justiça.

Querem as luvas de pelica de Lula porque só estão se preocupando com as eleições do ano que vem. Eu, porém, estou preocupado com o que esses bandidos estão fazendo com o país neste exato momento. É preciso reagir contra essa sabotagem.

Repito: Lula deveria ir à televisão dizer que uma aliança entre a mídia e a oposição está causando este e aquele prejuízos enormes ao país e que por isso está encaminhando ao Ministério Público denúncia formal contra eles. Esta é a minha opinião.




Crônica política

‘Paz e amor’ custam caro

Pedem-me que comente a criação da CPI da Petrobrás. Pois bem, já que pedem, comento.

O personagem “Lulinha paz e amor” foi construído e incorporado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2002 e continua incorporado até hoje. Aliás, o presidente até se gaba disso. Em relação à criação da CPI da Petrobrás pelo PSDB, ele disse, sorrindo, que a oposição está “muito nervosa” e que nervosismo foi o que o impediu de ganhar eleições no passado.

Acho que Lula até pode estar certo. Como estratégia política, manter-se um “Lulinha paz e amor” estes anos todos certamente contribuiu para sua boa avaliação pelo povo e possivelmente lhe permitirá eleger seu sucessor – ou sua sucessora.

Como estratégia para o país, entretanto, a fantasia de paz e amor que o presidente veste começa a ter um custo exorbitante.

Acabamos de ver um violento atentado contra a ordem econômica praticado pelo oposicionista PPS através do deputado Raul Jungmann. Quem perdeu com esse atentado não foi o governo, porém.

Politicamente, o conto pepessista da poupança lesou apenas pessoas humildes, ingênuas, que devem ter, em grande parte, sacado suas economias de suas cadernetas de poupança antes do aniversário delas e, assim, devem ter perdido um bom dinheiro.

A própria caderneta perdeu quase um bilhão de reais por meio de saques gerados pelo alarmismo do PPS. O governo perdeu? Não perdeu. Ele vinha vendo a poupança crescer além do desejado – e, inclusive, foi por isso que alterou suas regras.

Quem perdeu foi a população. Lula não perdeu nada. Muito menos eleitoralmente. Menos de 1% das cadernetas serão afetadas pela “mexida” que ele deu nas regras. A quantidade de eleitores que acreditou no PPS não deve dar para eleger um vereador em São Paulo.

Agora, às vésperas da assinatura de contratos internacionais de financiamento da exploração do pré-sal, a oposição, visando dificultar os interesses do país por medo de que seu condutor marque um grande tento antes das eleições do ano que vem, decidiu partir para mais um ato de sabotagem.

A mídia, eterna aliada do PSDB, ajudará a repercutir internacionalmente suspeitas “gravíssimas” sobre a Petrobrás de forma que os financiamentos internacionais não saiam. Perde o país, acima de tudo. E o PSDB, não é que ganha, mas retira mais um dos muitos trunfos eleitorais que Lula vem acumulando um após o outro.

O presidente não briga, porém. Politicamente, como ele afirmou, não é recomendável. O país perde, claro, mas não foi ele que o sabotou. Foram os tucanos, ora. Foi Serra, no fim das contas.

Cedo ou tarde as pessoas saberão. A blogosfera irá difundir a teoria fácil de assimilar de que Serra manda sabotar o país – mesmo que Lula diga que foi Arthur Virgílio – para lucrar eleitoralmente e, no fim, o feitiço acabará virando mais uma vez contra o feiticeiro.

Contudo, o país perde. E é uma depois da outra. Temos que pagar pela irresponsabilidade da oposição, mas também pela do governo. Aquela porque sabota o país e este porque não a denuncia, não reage à altura, não briga por nós, pois sabe que perderia eleitoralmente.

Lula não perderá nada. Ele acha que não deixaríamos os sabotadores do país vencerem só porque não reage. Acha que essa não é uma opção para nós e que, portanto, não poderemos adotá-la, pois prejuízo maior seria deixarmos se elegerem esses que, quando estão no poder, costumam pôr o país em liquidação.

Como se vê, é realmente exorbitante o preço da paz e do amor que integram o cerne da estratégia lulista de não partir para cima desses desgraçados só para “não assustar o eleitorado”, o qual eles é que está assustando ao ficarem “nervosos” e partirem para essas loucuras que prejudicam tanto o eleitorado oposicionista quanto o situacionista.

Só não sei até que ponto continuarei me dispondo a compactuar com esse preço que o país está pagando pelas estratégias políticas do presidente Lula. De repente, acabo me convencendo de que ele tem tanta culpa pela sabotagem do país quanto têm os sabotadores de fato, e mando tudo isto pro inferno.



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