terça-feira, 5 de junho de 2012

Marconi Perillo é a bola da vez


Por Altamiro Borges
Na semana passada, quando foi aprovada sua convocação para depor na CPI do Cachoeira, o governador Marconi Perillo (PSDB-GO) até tentou esbanjar valentia. O tucano adotou a tática de que a melhor defesa é o ataque. Ao invés de explicar suas sinistras relações com o mafioso, ele preferiu atacar o ex-presidente Lula, a quem responsabiliza pelo seu atual calvário.

“Vivemos num país em que algumas lideranças que se consideram acima do bem e do mal, que se consideram verdadeiros deuses, não passam de lideranças de quinta categoria”, esbravejou. A crítica, porém, encaixa-se perfeitamente na triste figura do tucano, que se transformou num político direitista de “quinta categoria”, que sangra diariamente e pode até sofrer abertura de processo de impeachment.
As graves acusações de Bordoni
Ontem, o jornalista Luiz Carlos Bordoni, que dirigiu a campanha de rádio do tucano em 2010, confirmou em entrevista ao “Jornal do SBT” que recebeu de R$ 40 mil, em dinheiro vivo, das mãos do próprio Marconi Perillo. “Em dinheiro. Das mãos dele... Ele me chamou pro fundo, na copa, atrás da mesa dele, e me passou o dinheiro... Não sei se ele declarou, só sei que eu recebi”, garantiu.
Bordoni também informou que recebeu R$ 170 mil pela campanha de rádio. Parte desta grana foi paga pela empresa Alberto e Pantoja, que, segundo a Policia Federal, é uma firma de fachada usada pela máfia de Cachoeira apenas para movimentar dinheiro da Delta Construções. Perillo negou as acusações e já informou que processará o jornalista. Mas esta reação não alivia sua barra.
Venda de mansão para o mafioso
Integrantes da CPI do Cachoeira já anunciaram que convocarão Bordoni para depor. Além dele, outras três testemunhas bombas deverão ser ouvidas hoje pela comissão: Walter Paulo, Sejana Martins e Écio Ribeiro. Eles tentarão explicar a venda da mansão de Marconi Perillo para Carlinhos Cachoeira – casa onde o mafioso foi preso pela Polícia Federal no rastro da Operação Monte Carlo.
O imóvel de 454 metros quadrados, no luxuoso condomínio Alphaville Ipês, em Goiânia, foi vendido por R$ 1,4 milhão. Segundo reportagem da Folha, “a Polícia Federal ainda investiga se o dinheiro que pagou a compra da casa saiu da empreiteira Delta, que recebeu pelo menos R$ 48 milhões do governo goiano em 2011”.
Omissão de bens na Justiça
Para piorar ainda mais a sua situação, o jornal O Globo revelou que o governador Marconi Perillo omitiu a compra de pelo menos cinco propriedades em suas declarações à Justiça Eleitoral. Uma delas é um imóvel de mais de um milhão de metros quadrados em Pirenópolis (GO), cuja aquisição foi feita em sociedade com um ex-sócio de Carlinhos Cachoeira.
Diante das graves denúncias, o PT decidiu pedir a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico do tucano por omissão de bens. “Já existiam indícios suficientes para a quebra de sigilo de Perillo. O processo de compra da casa já basta para isso. A omissão é mais um ingrediente”, explicou o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP). O tucano de “quinta categoria” virou, de fato, a bola da vez

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