quinta-feira, 19 de março de 2009

O que significa a (magistral) decisão de De Sanctis

Conversa Afiada

O corajoso juiz Fausto De Sanctis, aquele que prendeu Daniel Dantas duas vezes (e Gilmar Dantas, segundo Ricardo Noblat, mandou soltar duas vezes), decidiu não abrir o sigilo da Operação Satiagraha à CPI das escutas telefônicas, também conhecida como a CPI dos Amigos de Dantas.
Leia mais:“De Sanctis nega pedido da CPI” “O que significa a decisão de De Sanctis”
. A decisão contém uma frase que dá nexo a todo o texto, uma frase lapidar: “Todos esses fatos estão a revelar, talvez, que o sigilo não tem servido à proteção de direitos, mas representaria forma de tutela de todo tipo de interesses privados, em detrimento do real interesse público.”
. Ou seja, esse desespero – leia sobre o desespero de Itagiba, Dantas e Gilmar – em preservar o “sigilo” de Dantas não é para defender o interesse público ou punir crimes, mas agir “em detrimento do real interesse público”.
. A fúria dessa CPI de fancaria só se justifica como uma “tutela de todo (TODO !!! – PHA) tipo de interesse privado”.
. É uma CPI de um único objeto: o interesse de Dantas.
. Não é à toa que um único homem público brasileiro, um dos poucos que teve a audácia de enfrentar Dantas, Roberto Requião – leia “O MST é uma dádiva” - defende o fim do sigilo de homem público: homem público deveria ser um livro aberto, no imposto de renda, nos telefonemas, nos e-mails.
. O desespero da CPI é o dos membros da elite branca brasileira (separatista, no caso de São Paulo) e seus representantes no Legislativo, Judiciário, Executivo e, especialmente, no PiG (*).
. Tem muita gente boa lá nos HDs, pen-drives, notebooks e anotações manuscritas de Dantas, um homem meticuloso, detalhista…
. Além disso, a decisão do corajoso Juiz De Sanctis mostra aos membros da CPI dos Amigos de Dantas que:
1) Não precisariam vir a São Paulo pedir nada, porque eles já acham que houve ilegalidade …;
2) Por que esse interesse da CPI nos segredos da Kroll ? Esquisito isso, não, amigo navegante ? A Kroll já seria o suficiente para mandar Dantas para a cadeia, não fosse o rolo compressor que ele passou sobre a Justiça, especialmente a Justiça Federal de São Paulo, e a Kroll voltou, moribunda, para a Justiça Estadual, de primeira instância. Por que esse interesse na Kroll ? É para limpar a pedra de Dantas – todas as pedras ?
3) Como é do conhecimento do Ministério Público e da própria CPI, foram confrontados os números de telefones que o Juiz de Sanctis autorizou grampear e aqueles efetivamente grampeados. NÃO HOUVE ESCUTA ILEGAL ! Por que a CPI insiste ? Por que acreditar no delegado Amaro ? Mas, isso é lá com o Juiz Mazloum – clique aqui para ler sobre o Juiz Mazloum e o que deve ao Supremo Presidente do Supremo4) Que crimes são esses que a CPI quer descobrir agora, se, outro dia, o insigne relator Nelson Pellegrino disse que Paulo Lacerda e Protógenes Queiroz não cometeram crime algum ? São os crimes da “reportagem” da revista Veja ? A Veja se tornou tribunal ? Talvez para Marcelo Lunus Itagiba, sim. Porque essa CPI dele se sustenta em três fraudes da revista Veja. Três “denú-ncias” que não deram em nada. Cadê o áudio do grampo, deputado ?
5) Por fim, o Juiz De Sanctis lembrou aos membros da CPI dos Amigos de Dantas que CPI não é Poder Judiciário …
. Essa CPI, amigo navegante, nada mais é do que a ressurreição da República do Galeão.
. O poder paralelo que se investiu de Poder Judiciário e poder de Polícia para depor o Presidente Vargas.
. Carlos Lacerda renasceu.
. Mas, como dizia aquele outro barbudo, a História quando se repete é uma farsa.
. Ou alguém ousaria comparar Gilmar Dantas, segundo Noblat, a Carlos Lacerda ?
Paulo Henrique Amorim

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