O PIG Não terá uma Morte Digna
Paulo Henrique Amorim
Hoje, na pág. B13, o Estadão publica artigo magistral: “ ‘Washington Post’ passa por tempos difíceis”.
(Desconfio que o responsável por esta publicação passará uma segunda-feira amarga no Estadão…)
Trata-se de artigo de Dean Baker, publicado originalmente em The Guardian, da Inglaterra.
(O Estadão, mesmo em seus momentos mais corajosos, não falha. Omitiu um subtítulo do artigo original: The once proud Washington Post gets into bed with a right-wing billionaire and fills its news pages with his agenda – O antigamente orgulhoso Washington Post vai para a cama com um bilionário de extrema- direita e enche suas páginas com a agenda do bilionário …)
Dean Baker é economista e fundou o Center for Economic and Policy Research.
O artigo é primoroso.
Conta como o Washington Post publicou como se fosse matéria noticiosa um artigo da Fiscal Times, uma afiliada da Peter Peterson Foundation.
Peter Peterson é o tal bilionário que foi para a cama com o Washington Post.
Peterson trabalhou para o Governo Nixon, que o Washington Post, quando era um jornal sério, ajudou a derrubar em Watergate.
Peterson tem uma ideia muito interessante: acabar com a Previdência Social.
Antes disso, ele pretende impedir que os benefícios da Previdência sejam corrigidos pela inflação, porque, para ele, os índices de inflação supervalorizam a inflação real – e os “vagabundos”, como disse o Farol de Alexandria, recebem mais do que deviam.
É a quintessência do pensamento neoliberal.
Neoliberalismo que o PiG (*) brasileiro vende como se fosse As Tábuas da Lei.
O interessante é que Baker está uma fera com essa promiscuidade: o jornal não distinguir o que é notícia do que é fato.
Não fazer a distinção entre “Church and State”, o que era uma obrigação, quando os jornais impressos eram sérios.
Baker termina o artigo assim: It is unfortunate that technological change may have made the traditional newspaper economically unviable – but it would have been better if the Washington Post could have had a dignified death.
É uma pena que a inovação tecnológica tenha tornado economicamente inviável o tradicional jornal – teria sido melhor se o Washington Post tivesse uma morte digna.
O Baker não conhece o PiG (*).
O PiG (*) é especialista em misturar fato e opinião.
Transformar interesses privados em interesses públicos – e vender ao leitor como se fossem do interesse dele, do leitor.
Por exemplo, agora o PiG (*) defende uma fábrica sueca de aviões.
O PiG (*) defende torturadores e faz passar seu noticiário como se fosse matéria de fato e não reles opinião.
O PiG (*) encobre a gritante (e alagada) inépcia de um pretenso candidato a Presidente da República – porque é o candidato dos sonhos do PiG (*).
O PiG (*) transforma pesquisa de opinião pública manipulada em Lei de Newton.
O PiG (*) contrata colonistas (**) que chamam um dos candidatos (adivinhem qual) a Presidente sem o “senhor” na frente.
O PiG (*) tenta passar por matéria de fato opinião deslavada, muitas vezes repetida: tudo o que ajudar a derrubar o Presidente da República.
E o que dizer da mão suave do PiG (*) sobre a cabeça de um passador de bola apanhado no ato de passar bola ?
O que dizer dos colonistas (**) do PiG (*) que se prestaram a trabalhar para a realização e a prévia manipulação das ações da BrOi ?
O Baker não sabe nada.
Washington Post é uma virgem.
Paulo Henrique Amorim
(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista
(**) Não tem nada a ver com cólon. São os colonistas do PiG (*) que combatem na milícia para derrubar o presidente Lula. E assim se comportarão sempre que um presidente no Brasil, no mundo e na Galáxia tiver origem no trabalho e, não, no capital. O Mino Carta costuma dizer que o Brasil é o único lugar do mundo em que jornalista chama patrão de colega. É esse pessoal aí.
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