quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Cidadania

O Plebiscito de 2010


O discurso conservador vendeu a muita gente a teoria de que PT e PSDB são iguais tanto quando estão no poder quanto quando estão na oposição. Até 2010, este blog tentará provar que essa premissa é parcialmente falsa, ao menos no que tange o exercício do poder.
Para atingir o imaginário do brasileiro – povo que ainda tem uma mentalidade atrasada sobre a política, pois vota em pessoas em vez de votar em partidos –, podemos, então, usar dois nomes simbólicos dos “trabalhistas” e dos “social-democratas”.
Lula e José Serra representam, respectivamente, as personalidades da esquerda e da direita no imaginário popular, ainda que os conservadores, com seus jornais e tevês, neguem tais identificações, sempre em benefício do representante da direita.
Para os conservadores (PSDB e DEM) tirarem de Lula (PT) o que consideram a posição ideológica mais simpática ao eleitorado, a de político esquerdista, usam a rendição da esquerda aos ditames econômicos liberais, rendição que foi arrancada por meio de uma ordem econômica mundial que penaliza os países infratores das “leis de mercado” com fuga de capitais e de investimentos estrangeiros.
De fato, a interligação entre as economias nacionais, consolidada na década passada como nunca acontecera na história, permitiu que esse ardil ganhasse corpo.
Atualmente – e isso se pode ver em Barack Obama –, ser de esquerda significa agir para minimizar de fato os dramas sociais que o liberalismo compulsório gera.
Um exemplo eloqüente dessa premissa pode ser visto no principal programa social do governo Lula, o Bolsa Família.
De fato, as políticas de transferência de renda, adotadas pela primeira vez no Brasil no governo petista do ex-governador de Brasília Cristovam Buarque, foram adotadas em nível nacional no governo Fernando Henrique Cardoso como forma de reduzir as acusações que aquele governo sofria por ter adotado a versão brasileira do Consenso de Washington, batizada aqui de “Plano Real”.
Eram programas sociais de fachada, nos quais eram investidas migalhas com o propósito de mostrar alguma preocupação do Estado com o desemprego em massa, com o arrocho salarial, com todas as conseqüências nefandas decorrentes das privatizações, do superávit primário e de tudo mais que vitimou o país naquela época triste.
Ao fim dos anos 1990, o Brasil vivia um quadro de depressão econômica, de iniqüidade social estagnada, de aumento da criminalidade e da violência, do desemprego, do achatamento salarial, o que fez os brasileiros “correrem o risco” de eleger o ultra demonizado (pela mídia de direita) Luiz Inácio Lula da Silva, eternamente acusado de pretender instalar uma “ditadura cubana” no país.
Em 2002, o PT, depois de seguidas derrotas em eleições presidenciais, entendeu que, para criar mecanismos para suavizar a ditadura liberal, seria preciso parar de brigar com a realidade de que não havia como desafiar as formas de punição engendradas pelo capital transnacional para obrigar as nações aos ditames do Consenso de Washington.
Foi uma idéia feliz, dentro do contexto, porque, ao mesmo tempo em o governo trabalhista de Lula passou a praticar o superávit primário e a permitir aos bancos os lucros extraordinários que passaram a ter a partir da era FHC, tratou de ir compensando os males causados à população com políticas sociais nas quais investiu pesadamente, convertendo programas sociais paliativos em programas verdadeiramente efetivos.
Um detalhe: nas estimativas mais conservadoras, hoje se investe no social umas dez vezes mais do que na época de FHC.
Apesar da rendição inevitável da esquerda aos ditames liberais e globalizantes, a direita viu os recursos públicos que eram repassados (muitos vezes a fundo perdido) aos grandes empresários serem desviados para investimentos em grandes programas sociais.
Vê-se hoje claramente, portanto, quem é quem. A grande diferença entre Lula e Serra (para usar pessoas em vez de partidos, de forma a agradar à deformidade política que vitima o brasileiro) está no discurso do tucano – e de seus pares nos partidos de direita e na mídia – sobre um Bolsa Família, por exemplo.
Haveria diferença maior entre os partidos de direita e de esquerda do que tucanos e pefelistas considerarem “esmola” o Bolsa Família, a política social mais exitosa em todo mundo atualmente?
Vejam só esse caso da Embraer: enquanto Lula chama a empresa às falas argumentando que ela tem obrigação de ter responsabilidade social devido aos investimentos de dinheiro público que sempre recebeu, Serra inventa um programa paliativo de “requalificação” profissional para os demitidos, como se tivessem sido postos na rua por incompetência.
Os profissionais demitidos pela Embraer são, em maioria, altamente especializados. Não estariam trabalhando numa empresa de ponta como aquela se assim não fosse. Esse programa tucano-paulista de “requalificação” é uma piada, uma enganação que a mídia vende como ação “pró-ativa” do “presidente eleito” José Serra.
Governo de esquerda, hoje, é aquele que se preocupa em minimizar os efeitos danosos da “globalização”, ora ameaçada de morte. É aquele que usa o dinheiro dos impostos dos brasileiros para ajudar não apenas grupelhos de grandes empresários, mas também os trabalhadores e, sobretudo, os desempregados ou subempregados.
Os programas sociais petistas, que investem extraordinariamente mais do que os programas paliativos que os tucanos costumam formular, contrastam com os discursos conservadores de que esses programas seriam “esmolas”, o que permite supor que um Serra no poder os exterminaria.
Há um vasto cabedal de frases da direita sobre os programas sociais petistas que será usado em 2010, quando Lula e o PT proporão ao país que escolha entre a manutenção do rumo vigente e o retorno àquele no qual o PSDB havia posto o país. A eleição será plebiscitária.
É por isso que a direita, ao custo do faturamento de suas empresas, inclusive de suas empresas de mídia, tenta sabotar o país. Se a crise não nos levar à bancarrota, se não tornar pior a vida dos brasileiros, Serra (PSDB e PFL) não resistirá ao plebiscito de 2010.



Entenda o Bolsa Família


Quem quiser entender a dimensão do Bolsa Família e o respeito que o programa ganhou no mundo pode perder horas na internet procurando informações ou então acessar a Wikipedia. Lá constam dados interessantíssimos, como o apoio mundial ao programa brasileiro, percentuais de investimento etc.
Para acessar o verbete da Wikipedia sobre o Bolsa Família, clique
aqui

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