Carta aos jornais
Do blog: Cidadania
Merenda, um crime
da imprensa
Como deveria ser - e não é – a merenda em São Paulo
Merendeiras de escola pública em Moema, bairro nobre paulistano
Prezados editores da Folha de São Paulo e do Estado de São Paulo,
[ao menos]
finalmente, depois de semanas sem publicar nenhuma notinha escondida nas páginas internas sobre o escândalo da merenda de Kassab, a Folha volta ao assunto, mas para criticar uma entidade particular por não fiscalizar a merenda que o governo Kassab oferece às crianças da rede pública e, de quebra, jogar nas costas do governo Lula uma responsabilidade que é exclusiva do município paulistano.
A reportagem "Órgão que fiscaliza a merenda só checou 3 escolas em 2008" é uma das maiores vergonhas jornalísticas que já vi. E a minúscula nota do mesmo dia "Base de apoio ao prefeito enterra CPI da merenda", é de um cinismo atroz. Se fosse Marta Suplicy a prefeita, a Folha estaria pressionando todos os dias em manchetes espalhafatosas, como fez com a CPI DO LIXO na gestão petista, até que saiu.
Partidarismo e jornalismo definitivamente não combinam, mas hoje temos ao menos uma tevê Record e os blogs denunciando a "competência" de José Serra e seu teleguiado "Geraldo Kassab", que, de quebra, ainda deixam as pessoas verem como a Folha e o Estadão, jornais que deveriam estar na vanguarda das denúncias dessa imundice tucano-pefelenta, não passam de panfletos a serviço de Serra.
Despeço-me com uma pergunta: onde estão os editoriais, artigos, cartas de leitores escandalizados e indignados da época de Marta Suplicy? Onde estão os Clóvis Rossis e Elianes Cantanhêdes, os Elios Gasparis e Janios de Freitas, e suas críticas irônicas? E as manchetes? Só quero saber das manchetes, sobretudo as de primeira página, tão freqüentes no tempo de Marta Suplicy.
A mídia teve que recuar no caso da promoção de pânico no âmbito da crise financeira internacional, que visava alarmar a população e o empresariado, os agentes econômicos, para agravar a crise e pôr a população contra o governo Lula e seu titular. A queda da receita da mídia com publicidade em janeiro correspondeu ao clima que ela gerou entre os agentes econômicos, importando a crise.
Será que dinheiro é a única palavra que o seu patrão entende, caro editor de seção de cartas de leitores?
Eduardo Guimarães
*
Órgão que fiscaliza merenda só checou 3 escolas em 2008
Em 2007, foram feitas 92 vistorias e achados até alimentos em decomposiçãoMembros do conselho que faz visita às escolas dizem que redução ocorre por falta de estrutura e de disponibilidade de tempo
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL - Folha de São Paulo
O principal órgão independente responsável por fiscalizar a qualidade da merenda escolar na cidade de São Paulo reduziu drasticamente seus trabalhos e realizou somente três vistorias nas escolas municipais no ano passado inteiro.
Em 2007, os integrantes do CAE (Conselho de Alimentação Escolar) fizeram 92 visitas -a rede municipal tem 2.300 unidades- e descobriram uma série de problemas na comida dos estudantes, que se tornou alvo de uma investigação do Ministério Público Estadual.
Por exemplo: alimentos em decomposição, salsicha cortada em três para render mais e prêmio para cozinheiras terceirizadas que economizassem nas porções fornecidas aos alunos.
O CAE é formado por representantes de pais, de professores e funcionários públicos. Tem a tarefa legal de acompanhar a merenda "visando garantir alimentos de boa qualidade e padrões de higiene".
Sem seu trabalho, a merenda fica sem controle social e praticamente sem fiscalização isenta -dependendo só da atividade dos próprios servidores da prefeitura, que também são alvo da investigação e que não conseguiram identificar as deficiências apontadas em 2006 e 2007 tanto pelo CAE como por um relatório da Fipe-USP.
O esvaziamento do trabalho do conselho -que, neste ano, não fez ainda nenhuma vistoria- é atribuído por seus membros à falta de infraestrutura.
Os conselheiros titulares se limitam a sete e são voluntários -não recebem remuneração.Os que fazem parte do poder público dizem não ter dispensa do serviço para participar das vistorias. Assim, na prática, a atividade do órgão tem sido restrita a uma reunião mensal na qual são discutidos principalmente problemas burocráticos, além da aprovação do uso das verbas pela prefeitura.
A precariedade do CAE também é física. Até hoje ele não tem telefone -nem para receber denúncias. Também não tem sala fixa de reuniões.
As deficiências são reconhecidas pelo órgão, que apresentou ontem um balanço de suas atividades num encontro presenciado pela Folha.
Num relatório, eles citam que a quantidade de vistorias feitas em 2006 e 2007 só foi possível devido à disponibilidade de tempo de alguns membros. Sobre 2008, relatam que a atividade de "auditorias" do CAE nas escolas "falece".
"Antes eu trabalhava por conta própria. Agora sou empregado, não tenho tempo livre", diz José Pereira da Conceição Jr., presidente do órgão e representante dos pais.
"Se continuar assim, ficará só no faz-de-conta. Um faz de conta que fiscaliza e outro faz de conta que é fiscalizado", diz José Ghiotto Neto, braço dos professores no CAE.
Ele atribui responsabilidades tanto ao governo federal (por definir normas frágeis de funcionamento do conselho) como à prefeitura (por não disponibilizar estrutura). Os atuais conselheiros terminarão seu mandato no mês que vem, quando parte será trocada.
A inatividade recente das vistorias do CAE virou até um trunfo para as empresas terceirizadas que fornecem a merenda e que são investigadas. Elas alegam que os problemas revelados recentemente pela Promotoria são antigos -até 2007. Nas três vistorias do conselho em 2008, as falhas verificadas foram na prestação de contas de entidades conveniadas.
*
Base de apoio ao prefeito enterra CPI da Merenda
DA REPORTAGEM LOCAL – Folha de São Paulo
A base do prefeito Gilberto Kassab (DEM) na Câmara enterrou ontem a CPI da Merenda, proposta pela oposição para investigar eventuais fraudes na contratação das seis empresas que prestam serviço na rede municipal de ensino.
Para evitar a interrupção dos trabalhos na Casa, já que o regimento interno exige duas CPIs em andamento, os governistas aprovaram uma comissão para apurar o despejo de esgoto no córrego Jurubatuba e outra para regular a cobrança do IPTU de grandes empreendimentos.
Essa última CPI foi motivada por reportagem da Folha publicada no último dia 6 que mostra que o shopping Bourbon não paga IPTU pelo prédio de 185 mil metros quadrados.
Segundo o líder do PT na Câmara, vereador João Antonio, os apoiadores de Kassab "abafaram" a investigação.
O líder do governo, vereador José Police Neto (PSDB), justificou a opção dos governistas pelas duas outras comissões. "No ano passado, uma subcomissão da Comissão de Finanças apurou o caso das merendas e não há fato novo."
*
CASA DOS ARTISTAS
Mônica Bergamo - Folha de São Paulo
O marido de Ana Maria Braga é o mais novo colaborador da administração de Gilberto Kassab (DEM-SP). Candidato derrotado à Câmara Municipal, Marcelo Frisoni vai assumir um cargo de "coordenação" na Secretaria de Modernização, Gestão e Desburocratização. O convite, diz ele, foi feito pelo secretário Rodrigo Garcia.
Merendeiras de escola pública em Moema, bairro nobre paulistano
Prezados editores da Folha de São Paulo e do Estado de São Paulo,
[ao menos]
finalmente, depois de semanas sem publicar nenhuma notinha escondida nas páginas internas sobre o escândalo da merenda de Kassab, a Folha volta ao assunto, mas para criticar uma entidade particular por não fiscalizar a merenda que o governo Kassab oferece às crianças da rede pública e, de quebra, jogar nas costas do governo Lula uma responsabilidade que é exclusiva do município paulistano.
A reportagem "Órgão que fiscaliza a merenda só checou 3 escolas em 2008" é uma das maiores vergonhas jornalísticas que já vi. E a minúscula nota do mesmo dia "Base de apoio ao prefeito enterra CPI da merenda", é de um cinismo atroz. Se fosse Marta Suplicy a prefeita, a Folha estaria pressionando todos os dias em manchetes espalhafatosas, como fez com a CPI DO LIXO na gestão petista, até que saiu.
Partidarismo e jornalismo definitivamente não combinam, mas hoje temos ao menos uma tevê Record e os blogs denunciando a "competência" de José Serra e seu teleguiado "Geraldo Kassab", que, de quebra, ainda deixam as pessoas verem como a Folha e o Estadão, jornais que deveriam estar na vanguarda das denúncias dessa imundice tucano-pefelenta, não passam de panfletos a serviço de Serra.
Despeço-me com uma pergunta: onde estão os editoriais, artigos, cartas de leitores escandalizados e indignados da época de Marta Suplicy? Onde estão os Clóvis Rossis e Elianes Cantanhêdes, os Elios Gasparis e Janios de Freitas, e suas críticas irônicas? E as manchetes? Só quero saber das manchetes, sobretudo as de primeira página, tão freqüentes no tempo de Marta Suplicy.
A mídia teve que recuar no caso da promoção de pânico no âmbito da crise financeira internacional, que visava alarmar a população e o empresariado, os agentes econômicos, para agravar a crise e pôr a população contra o governo Lula e seu titular. A queda da receita da mídia com publicidade em janeiro correspondeu ao clima que ela gerou entre os agentes econômicos, importando a crise.
Será que dinheiro é a única palavra que o seu patrão entende, caro editor de seção de cartas de leitores?
Eduardo Guimarães
*
Órgão que fiscaliza merenda só checou 3 escolas em 2008
Em 2007, foram feitas 92 vistorias e achados até alimentos em decomposiçãoMembros do conselho que faz visita às escolas dizem que redução ocorre por falta de estrutura e de disponibilidade de tempo
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL - Folha de São Paulo
O principal órgão independente responsável por fiscalizar a qualidade da merenda escolar na cidade de São Paulo reduziu drasticamente seus trabalhos e realizou somente três vistorias nas escolas municipais no ano passado inteiro.
Em 2007, os integrantes do CAE (Conselho de Alimentação Escolar) fizeram 92 visitas -a rede municipal tem 2.300 unidades- e descobriram uma série de problemas na comida dos estudantes, que se tornou alvo de uma investigação do Ministério Público Estadual.
Por exemplo: alimentos em decomposição, salsicha cortada em três para render mais e prêmio para cozinheiras terceirizadas que economizassem nas porções fornecidas aos alunos.
O CAE é formado por representantes de pais, de professores e funcionários públicos. Tem a tarefa legal de acompanhar a merenda "visando garantir alimentos de boa qualidade e padrões de higiene".
Sem seu trabalho, a merenda fica sem controle social e praticamente sem fiscalização isenta -dependendo só da atividade dos próprios servidores da prefeitura, que também são alvo da investigação e que não conseguiram identificar as deficiências apontadas em 2006 e 2007 tanto pelo CAE como por um relatório da Fipe-USP.
O esvaziamento do trabalho do conselho -que, neste ano, não fez ainda nenhuma vistoria- é atribuído por seus membros à falta de infraestrutura.
Os conselheiros titulares se limitam a sete e são voluntários -não recebem remuneração.Os que fazem parte do poder público dizem não ter dispensa do serviço para participar das vistorias. Assim, na prática, a atividade do órgão tem sido restrita a uma reunião mensal na qual são discutidos principalmente problemas burocráticos, além da aprovação do uso das verbas pela prefeitura.
A precariedade do CAE também é física. Até hoje ele não tem telefone -nem para receber denúncias. Também não tem sala fixa de reuniões.
As deficiências são reconhecidas pelo órgão, que apresentou ontem um balanço de suas atividades num encontro presenciado pela Folha.
Num relatório, eles citam que a quantidade de vistorias feitas em 2006 e 2007 só foi possível devido à disponibilidade de tempo de alguns membros. Sobre 2008, relatam que a atividade de "auditorias" do CAE nas escolas "falece".
"Antes eu trabalhava por conta própria. Agora sou empregado, não tenho tempo livre", diz José Pereira da Conceição Jr., presidente do órgão e representante dos pais.
"Se continuar assim, ficará só no faz-de-conta. Um faz de conta que fiscaliza e outro faz de conta que é fiscalizado", diz José Ghiotto Neto, braço dos professores no CAE.
Ele atribui responsabilidades tanto ao governo federal (por definir normas frágeis de funcionamento do conselho) como à prefeitura (por não disponibilizar estrutura). Os atuais conselheiros terminarão seu mandato no mês que vem, quando parte será trocada.
A inatividade recente das vistorias do CAE virou até um trunfo para as empresas terceirizadas que fornecem a merenda e que são investigadas. Elas alegam que os problemas revelados recentemente pela Promotoria são antigos -até 2007. Nas três vistorias do conselho em 2008, as falhas verificadas foram na prestação de contas de entidades conveniadas.
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Base de apoio ao prefeito enterra CPI da Merenda
DA REPORTAGEM LOCAL – Folha de São Paulo
A base do prefeito Gilberto Kassab (DEM) na Câmara enterrou ontem a CPI da Merenda, proposta pela oposição para investigar eventuais fraudes na contratação das seis empresas que prestam serviço na rede municipal de ensino.
Para evitar a interrupção dos trabalhos na Casa, já que o regimento interno exige duas CPIs em andamento, os governistas aprovaram uma comissão para apurar o despejo de esgoto no córrego Jurubatuba e outra para regular a cobrança do IPTU de grandes empreendimentos.
Essa última CPI foi motivada por reportagem da Folha publicada no último dia 6 que mostra que o shopping Bourbon não paga IPTU pelo prédio de 185 mil metros quadrados.
Segundo o líder do PT na Câmara, vereador João Antonio, os apoiadores de Kassab "abafaram" a investigação.
O líder do governo, vereador José Police Neto (PSDB), justificou a opção dos governistas pelas duas outras comissões. "No ano passado, uma subcomissão da Comissão de Finanças apurou o caso das merendas e não há fato novo."
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CASA DOS ARTISTAS
Mônica Bergamo - Folha de São Paulo
O marido de Ana Maria Braga é o mais novo colaborador da administração de Gilberto Kassab (DEM-SP). Candidato derrotado à Câmara Municipal, Marcelo Frisoni vai assumir um cargo de "coordenação" na Secretaria de Modernização, Gestão e Desburocratização. O convite, diz ele, foi feito pelo secretário Rodrigo Garcia.
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