sexta-feira, 25 de maio de 2012

Cachoeira paga mensalão (este de verdade), ao Engavetador Geral de FHC


O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, afirmou ontem que avaliará se caberá ao órgão apurar o pagamento superior a R$ 160 mil que o contador de Carlinhos Cachoeira fez ao escritório do subprocurador Geraldo Brindeiro, que exerceu o cargo de procurador-geral entre 1995 e 2003.

Gurgel disse que não tinha conhecimento do fato até a revelação feita pelo senador Pedro Taques (PDT-MT) e ressaltou que é necessário primeiro checar "as circunstâncias do que aconteceu". Ele, porém, descartou que o fato possa atingir a instituição Ministério Público (MP). "Não é nada que diga respeito ao MP. É algo que diz respeito à advocacia privada.

Gurgel em entrevista a jornalistas disse:. "Isso vai ser avaliado. Agora, é algo com que eu não havia me deparado"  Roberto Gurgel ainda reforçou ontem que o MP não se intimidará com as pressões por depoimentos. "Faz parte do trabalho do órgão resistir a pressões. O trabalho é esse, de permanente resistência. Pressões não significarão jamais intimidar o MP". Nas primeiras semanas da CPI, um dos principais alvos do colegiado foi Gurgel. No último dia 9, ele atribuiu as críticas a interessados em desmoralizá-lo pelo fato de ele sustentar as acusações do processo do mensalão.


Bicheiro fez depósito para envagetador de FHC

Quebra de sigilo do contador da quadrilha de Carlinhos Cachoeira mostra que o escritório do subprocurador-geral da República Geraldo Brindeiro recebeu R$ 161,2 mil das contas de Geovani Pereira da Silva, procurador de empresas fantasmas utilizadas para lavar dinheiro do esquema criminoso. De acordo com o senador Pedro Taques (PDT-MT), que analisou laudo de perícia financeira constante no inquérito que investiga o contraventor e seus comparsas, o escritório Morais, Castilho e Brindeiro Sociedade de Advogados recebeu o montante em cinco parcelas, a maior delas de R$ 76 mil. "Não é possível que um membro do MPF advogue para uma quadrilha criminosa enquanto homens da Polícia Federal se arriscam investigando os acusados", criticou Taques.

O senador, que trocou o MPF pelo parlamento, explicou que juristas ingressos na procuradoria antes de 1988 têm o direito de advogar, pois a limitação passou a constar apenas na nova Constituição. O parlamentar, no entanto, questiona o suposto conflito na prestação de serviços do escritório do subprocurador à quadrilha de Cachoeira. Ontem, Taques apresentou requerimento de informações à CPMI que investiga o contraventor para que o colegiado apure as circunstâncias dos repasses do contador de Cachoeira ao subprocurador.

Brindeiro foi procurador-geral da República durante o governo Fernando Henrique Cardoso, de 1995 a 2003. Criticado por não dar sequência a investigações de grande repercussão, ganhou o apelido de "engavetador-geral da República".

Ação no CNMP

Dados da movimentação bancária em análise pela comissão mostram que a Delta Construções fez depósitos nas contas de duas empresas de fachada, a Alberto Pantoja Construções e Transportes e a Brava e essas firmas fantasmas repassaram os recursos para o contador de Cachoeira. O escritório em que Brindeiro tem sociedade foi pago com recursos da conta de Geovani.

O contador é considerado uma das principais testemunhas no inquérito contra Cachoeira. Ele era procurador de empresas de fachada usadas para lavar o dinheiro no esquema da quadrilha. A Polícia Federal monitorou pelo menos oito contas registradas no nome do comparsa de Cachoeira. Apesar de declarar renda anual de R$ 21,3 mil e patrimônio de R$ 197,5 mil, Geovani chegou a movimentar R$ 4,3 milhões nas contas em que tem titularidade.

Paralelamente às ações da CPI, Taques anunciou que entraria com ação no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) para apurar o serviço advocatício prestado pelo escritório de Brindeiro. O senador do PDT também entrou com ação solicitando a indisponibilidade de bens da Delta Construções. Taques decidiu lançar mão de instrumentos externos para ter resultados mais rápidos em relação às irregularidades apuradas pela PF e os trabalhos iniciais da comissão.

O Correio entrou em contato com o escritório de advocacia do subprocurador, mas não recebeu resposta até a publicação desta edição.

"Não é possível que um membro do MPF advogue para uma quadrilha criminosa enquanto homens da Polícia Federal se arriscam investigando os acusados"

Pedro Taques (PDT-MT), senador

"É algo que diz respeito à advocacia privada. Mas claro que qualquer fato com que a gente se depare, temos que examinar se há algo para se apurar em relação a isso" Informações Correio Braziliense


PSDB já pensa em encerrar a CPI

O PSDB fez um balanço dos primeiros trabalhos da CPI criada para investigar os elos do bicheiro Carlinhos Cachoeira e chegou à conclusão de que, até agora, o partido é o maior prejudicado. E para proteger o governador de Goiás, Marconi Perillo, os tucanos vão abrir mão da investigação. Em vez de trabalhar para aprovar requerimentos de convocações de integrantes e de envolvidos com a quadrilha de Cachoeira, os correligionários de Perillo apostam no aprofundamento de dados do inquérito, dando ênfase ao envolvimento da Delta Construções em âmbito nacional e na influência do bicheiro em órgãos do governo federal.

Na manhã de ontem, 11 tucanos - quatro senadores e sete deputados - se encontraram às 7h30 no cafezinho do Senado para combinar estratégia de condução do depoimento de comparsas de Cachoeira na CPI e de participação na sessão administrativa de votação de requerimentos para evitar a convocação de Perillo. A conversa secreta foi municiada por um envelope repleto de documentos elaborados pela assessoria parlamentar da Câmara com informações que pudessem ampliar para o plano nacional as questões direcionadas aos comparsas de Cachoeira que atuavam em Goiás.

No encontro, os parlamentares chegaram a um consenso de que os depoimentos de integrantes da quadrilha tendem a fragilizar mais a situação de Perillo do que de outros envolvidos. Citaram o exemplo do ex-vereador Wladimir Garcez. Apesar de o ex-presidente da Câmara Municipal de Goiânia ter sido flagrado fazendo lobby para empresas farmacêuticas de Cachoeira, é a história do suposto pagamento da casa do governador com cheques da Delta, informação dada por Garcez, que prevalece no noticiário

Ao Jornal Correio Braziliense, um dos parlamentares que participou da reunião de ontem afirmou que o objetivo do partido agora é "começar a fechar o cerco pelos depoimentos". Se for para aprovar requerimento de depoente que possa provocar mais problemas a Perillo, os tucanos não têm interesse. O senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), um dos que madrugaram ontem no Senado para a reunião, contou que os tucanos se encontraram para combinar perguntas para o depoimento do ex-vereador, do araponga Idalberto Matias, o Dadá, e Jairo Martins.


Sem votação

Na sessão de ontem, o único tucano que defendeu abertura de sessão administrativa para votar requerimento de convocação dos governadores foi o deputado Fernando Francischini (PR). A bancada do PT também não se arriscou em aprovar nenhum requerimento e o fim da sessão foi esvaziado, deixando para a próxima terça-feira decisão sobre a participação dos governadores na comissão.


A CPI real não é televisionada

Nenhuma outra CPI tem tanto material já pronto para ser analisado como esta. Tem os relatórios da Polícia Federal, os inquéritos, centenas de horas de interceptações telefônicas que não foram transcritas, tem sigilos já quebrados, tem o caminho das pedras.
Então a CPI real está na sala cofre com os dados. Tem muito material e leva tempo. Se o relator e os parlamentares sérios forem meticulosos na análise destes dados chegará aos resultados que todos nós queremos.
Por isso ninguém deve desanimar com o que vê na TV. 
Se a gente se basear só nas reuniões abertas da CPI do Cachoeira, transmitidas pela TV, parece que dali não sai nada. Quem já está preso não vai abrir o bico. E tem parlamentar jogando para platéia, mas que, na verdade está atuando para melar a CPI. 
O deputado Francischini parece aqueles alunos arruaceiros que atrapalha a aula, fica querendo chamar para a briga, e só atrapalha o bom andamento. Outros só pensam em holofotes e politicalha, em vez de buscarem trabalho eficaz de investigação. É o caso de Álvaro Dias (PSDB-PR), Onix Lorenzoni (DEMos-RS), Randolfe Rodrigues (PSOL-AP). E outros que só pensam em blindar os seus correligionários e seus estados, empurrando a CPI para outro rumo, como é o caso de Kátia Abreu (PSD-TO) e dos já citados.
Curiosamente, nenhuma CPI com tanto material sigiloso em mãos, teve tão pouco vazamento para a imprensa (o que vazou para a internet, foi antes da CPI ter em mãos). Logo, ou os costumeiros vazadores demotucanos não estão gostando do que estão encontrando para vazar, ou a velha imprensa não está gostando do que está tendo acesso para publicar.

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