Editorial -
Fonte: Onipresente
1 de Setembro de 2009 - 11h07
A 'Petrossauro', a Petro-sal e a história
Todos os dias se faz história, mas há dias onde se distingue a silhueta de anos e das gerações. Para o Brasil, segunda-feira, 31 de agosto de 2009 foi um dia assim.
O 8 de novembro de 2007, quando a Petrobras anunciou o pré-sal, também entrou para a história. Mesmo os mais rabugentos inimigos da "Petrossauro", que assim apelidaram a Petrobras por ser estatal e nacional, admitem que as reservas de petróleo de primeira devem abrir um novo ciclo no país.
Porém os brasileiros aprendem na escola sobre outros "ciclos", da cana, do ouro, do café, da borracha, que vieram e se foram. Geraram fortunas fantásticas. Mas nunca quebraram os grilhões da dependência nacional, do subdesenvolvimento, da pobreza para a maioria.
O que faz a diferença então é o 31 de agosto - quando o presidente da República comparece diante da nação e aponta "uma mão invisível - não a do mercado, da qual já falaram tanto, mas outra, bem mais sábia e permanente, a mão do povo - tecendo nosso destino e construindo nosso futuro".
Qual futuro? O de um pré-sal que é "patrimônio da União, riqueza do Brasil", será operado pela Petrobras e gerido por uma Petro-sal 100% estatal; cujos recursos irão para "a educação das novas gerações, a cultura, o meio ambiente, o combate à pobreza e uma aposta no conhecimento científico e tecnológico".
É apenas um projeto. Os bilhões de barris que podem efetivá-lo ainda repousam sob o oceano, debaixo de milhares de metros de mar e sal.
Mas é um grande, enorme, inédito projeto. Nunca antes na história deste país - para o escárnio da elite conservadora - casou-se em tal escala uma oportunidade de riqueza com uma decisão política de não concentrá-la e sim reparti-la. Para um povo que já produziu tanto e no entanto ficou com tão pouco, é uma oportunidade de ouro. Pode fazer o Brasil mudar de andar.
O bloco conservador oposicionista-midiático viveu neste 31 de agosto o seu dia de inferno astral. Ali estavam o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, o diretor-geral da ANP, Haroldo Lima, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, não inquiridos na CPI criada contra a Petrobras, mas entregando ao país um projeto como poucos.
De imediato, houve uma virada no braço de ferro entre as duas pautas petrolíferas que se opõem hoje. Perde fôlego a pauta negativa da CPI. Ganha ímpeto a pauta afirmativa sobre como explorar o pré-sal e partilhar seus frutos.
Há muito o que debater. Os petroleiros ainda veem os leilões da ANP com desconfiança. A UNE reivindica 50% dos recursos para a educação. O governador Sérgio Cabral atém-se a um sistema que dá dois terços dos royaltes do petróleo para o Rio de Janeiro e um terço para todos os outros estados. A oposição midiático-conservadora ressuscita o ex-diretor da ANP e ex-genro de FHC, David Zylbersztajn, para agourar que tudo está errado.
Portanto, ao debate: com urgência, com gana, alegria e esperança, lucidez e coragem, e vigilância, e profundidade. O pré-sal não garantirá a passagem automática do Brasil para um novo modelo de desenvolvimento nacional. Mas os prasileiros, com o projeto agora apresentado, terão novas energias para lutar por ele.
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