Crime de lesa-pátria
Fonte: Blog Cidadania
Vocês viram, não é? Mesmo depois de as pesquisas Datafolha, Sensus e Ibope mostrarem insucesso da mídia em convencer a população de que sua vida irá piorar dramaticamente por conta da crise internacional, a campanha de tevês, rádios, jornais e grandes portais de internet de venda da chegada da ruína econômica do país continua na mesma toada ou até mais intensa.
A cada indicador que mostra alguma mera desaceleração do ritmo de atividade de nossa economia, ritmo que já era considerado insustentável por economistas de todas as tendências, a mídia trata essas reduções de indicadores como “prova” cabal de que ela está certa ao pregar a chegada do desastre e de que o governo Lula está errado ao pregar o contrário.
Nas ruas de comércio e nos shoppings, porém, falar de crise não é apenas proibido, é ridículo. Ontem, minha mulher foi pagar uma conta perto de uma das ruas de comércio mais significativas do país, a rua 25 de março, em São Paulo, e se espantou não apenas com a massa humana que se espremia nas lojas para comprar e pagar, mas com a própria dificuldade que encontrou na rua para se locomover devido às centenas de milhares que ali se espremiam para consumir de tudo e mais um pouco.
Segundo a mídia, a opinião majoritária em todas as classes sociais, em todas as faixas etárias, em todos os níveis de escolaridade e em todas as regiões do país de que estamos resistindo muito bem à crise, melhor do que qualquer outro país, conforme diz Lula, é produto de auto-engano da população, que, sempre segundo a mídia, não quer enxergar o desastre iminente, e produto, também, de mentiras do governo, que estaria induzindo as pessoas a manterem essa “ilusão”.
Claro está que há uma fé meio cega da mídia no desastre. Essa fé deriva de economistas ligados ao PSDB e ao PFL e que têm grande trânsito junto aos meios de comunicação. Eles se acham mais bem informados do que os técnicos do governo que fundamentam o discurso de Lula, ainda que alguns tarados acreditem que ele diz o que diz sobre a crise sem ter base em nada, apenas calcado nos próprios desejos e na ignorância da qual a elite acredita que o presidente sofre.
A sucessão de números da economia que desautorizam a afirmação de que a crise terá efeitos maiores no Brasil, segundo a mídia, não significaria nada, pois a crise teria chegado “agora” e, portanto, os números que têm sido divulgados seriam produto do momento pré-crise, há dois meses e pouco. Esse discurso, no entanto, ignora que o único país do mundo em que a crise chegou tão atrasada teria sido o Brasil, porque em todos os outros países de porte igual ou parecido a crise já chegou faz tempo.
É possível perceber a teoria que a mídia vendeu a uma pequena parcela dos brasileiros que, a despeito dos fatos do mundo ao seu redor, continua pregando a chegada do apocalipse econômico. No último domingo, participei da festa de despedida de minha filha que irá estudar na Austrália. Ali, comecei a conversar sobre a crise e sobre o governo Lula com pessoas da classe média paulistana, talvez a classe social mais refratária ao governo.
O discurso dessas pessoas diante da questão da crise envergonharia a mídia. O discurso do conservador paulistano de classe média é de desqualificar estatísticas de todo tipo, desde a popularidade de Lula até a medição do PIB. Todas as estatísticas seriam forjadas em prol do governo “comunista” que teria o país. Essas pessoas acreditam nos boatos que recitam entre elas como se fossem fatos amplamente conhecidos e inegáveis. Lula é popular em 70%? Ah, eles nunca foram pesquisados por nenhum instituto e, portanto, dizem que a pesquisa é falsa e pronto. Assim não têm que refletir por que a popularidade do presidente é tão alta.
O racismo também está em alta entre a classe média paulistana, a exemplo do que acontece na classe alta. Cheguei a ouvir de duas pessoas da minha idade e do meu bairro que elas se consideram racistas, sim. E “com orgulho”.
Foi-me doloroso ouvir o que ouvi. Confrontadas com a afirmação que lhes fiz no âmbito de uma discussão da política de cotas para negros nas universidades, com a afirmação de que, num futuro próximo, veremos médicos e dentistas negros também em São Paulo, onde não existem esses tipos de profissionais com pele escura, aquelas pessoas afirmaram, sem hesitação ou vergonha, que jamais se submeteriam a um médico ou a um dentista negros.
É chocante o nível de reacionarismo que persiste nas camadas mais altas da sociedade. Preconceitos que eu pensava enterrados afloraram com toda força a partir do governo Lula. A impressão que tenho é a de que tanto preconceito sempre ficou submerso por não haver “necessidade” de externá-lo, já que, neste país, estava tudo dominado. Mas, a partir da reviravolta social promovida por este governo, a elite branca voltou a mostrar suas garras.
A aposta da direita brasileira no potencial da crise para lhe conceder um passaporte de volta ao poder continua forte e, até certo ponto, parece justificada, pois o mundo piora a cada dia. Apesar de, aqui no Brasil, os indicadores mostrarem uma marolinha, com poucas dispensas de trabalhadores – e absolutamente localizadas – e dados sobre atividade econômica que não revelam nenhuma queda considerável, o mundo, por sua vez, mergulha em um abismo do qual ainda não se vê o fundo.
Essa hipótese de o Brasil, sendo governado por alguém como Lula – um ex-operário e retirante nordestino –, ficar imune a uma crise que pegou o mundo inteiro de jeito é inaceitável para a elite branca paulista-paulistana, para os conservadores de direita do quartel-general do atraso social no país (São Paulo), para aqueles que pregam o racismo em pleno século XXI, para essas pessoas que qualquer um que reside num bairro “nobre” da capital paulista conhece às pencas.
Os conservadores paulistas são piores do que os gaúchos, do que os catarinenses ou do que os cariocas. Na verdade, o dinheiro da nação está aqui em São Paulo. É aqui que se encastela a quase totalidade dos bilionários brasileiros, que são os que mandam – ou que pensam que ainda mandam – no país, aqueles que estão – ou que estavam? – acima das leis e das convenções todas da sociedade, sendo-lhes permitido até delinqüir, matar, roubar, estuprar, enfim, fazer qualquer coisa sem medo de responder por tais crimes.
Sinceramente, dá medo. Eu até estava meio inseguro quanto à possibilidade de a mídia e a oposição quererem que o país afunde na crise para terem mais chance de eleger José Serra presidente em 2010, mas depois que, numa conversa com o jornalista Luiz Carlos Azenha, ele me revelou que, tanto quanto eu, não tem dúvida nenhuma de que essa gente afundaria o país para retomar o Estado, tive que me conformar com essa desgraça.
Vocês conseguem mensurar a quantidade de desgraças que se abateria sobre o país se a crise se tornasse o que o PSDB, o PFL, a família Marinho, a família Frias ou a família Civita, entre outros, querem que se torne por aqui? Quantos dramas? Quanto sofrimento haveria? Para essa gente, quanto mais sofrimento houver melhores serão suas chances de voltar ao poder. Vejam só!
Agora, eu lhes pergunto: para alguém que despreza outro ser humano apenas porque sua pele tem mais pigmentação, dessa pessoa pode-se esperar o que? E não duvidem, meus amigos, de que é o racismo, nu e cru, o que está na essência da mentalidade dessa elite doente, dessas pobres pessoas degeneradas pela mentalidade vigente numa classe social que inclusive integro.
A venda da crise econômica pela mídia é hoje a maior ameaça que o Brasil enfrenta. José Serra, os Marinho, os Frias, os Mesquita, os Civita e tantos outros integrantes desse grupo político que ameaça o país com sabotagem de sua economia, visando dividendos políticos, são hoje os grandes inimigos da nação, aqueles que tentam incessantemente induzir as pessoas a pararem de consumir na esperança de que a indústria e o comércio parem e o desemprego aumente, o que provocaria quebras de empresas e mais demissões.
O que José Serra e seu grupo político-midiático (supra mencionado) estão fazendo tem até nome: crime de lesa-pátria. E o pior é que a única punição que se pode imaginar viável para essa gente é a derrota nas urnas, quando, na verdade, a punição mais justa para crime dessa magnitude seria nada mais, na menos do que esses criminosos passarem uma bela temporada na cadeia.
Vocês viram, não é? Mesmo depois de as pesquisas Datafolha, Sensus e Ibope mostrarem insucesso da mídia em convencer a população de que sua vida irá piorar dramaticamente por conta da crise internacional, a campanha de tevês, rádios, jornais e grandes portais de internet de venda da chegada da ruína econômica do país continua na mesma toada ou até mais intensa.
A cada indicador que mostra alguma mera desaceleração do ritmo de atividade de nossa economia, ritmo que já era considerado insustentável por economistas de todas as tendências, a mídia trata essas reduções de indicadores como “prova” cabal de que ela está certa ao pregar a chegada do desastre e de que o governo Lula está errado ao pregar o contrário.
Nas ruas de comércio e nos shoppings, porém, falar de crise não é apenas proibido, é ridículo. Ontem, minha mulher foi pagar uma conta perto de uma das ruas de comércio mais significativas do país, a rua 25 de março, em São Paulo, e se espantou não apenas com a massa humana que se espremia nas lojas para comprar e pagar, mas com a própria dificuldade que encontrou na rua para se locomover devido às centenas de milhares que ali se espremiam para consumir de tudo e mais um pouco.
Segundo a mídia, a opinião majoritária em todas as classes sociais, em todas as faixas etárias, em todos os níveis de escolaridade e em todas as regiões do país de que estamos resistindo muito bem à crise, melhor do que qualquer outro país, conforme diz Lula, é produto de auto-engano da população, que, sempre segundo a mídia, não quer enxergar o desastre iminente, e produto, também, de mentiras do governo, que estaria induzindo as pessoas a manterem essa “ilusão”.
Claro está que há uma fé meio cega da mídia no desastre. Essa fé deriva de economistas ligados ao PSDB e ao PFL e que têm grande trânsito junto aos meios de comunicação. Eles se acham mais bem informados do que os técnicos do governo que fundamentam o discurso de Lula, ainda que alguns tarados acreditem que ele diz o que diz sobre a crise sem ter base em nada, apenas calcado nos próprios desejos e na ignorância da qual a elite acredita que o presidente sofre.
A sucessão de números da economia que desautorizam a afirmação de que a crise terá efeitos maiores no Brasil, segundo a mídia, não significaria nada, pois a crise teria chegado “agora” e, portanto, os números que têm sido divulgados seriam produto do momento pré-crise, há dois meses e pouco. Esse discurso, no entanto, ignora que o único país do mundo em que a crise chegou tão atrasada teria sido o Brasil, porque em todos os outros países de porte igual ou parecido a crise já chegou faz tempo.
É possível perceber a teoria que a mídia vendeu a uma pequena parcela dos brasileiros que, a despeito dos fatos do mundo ao seu redor, continua pregando a chegada do apocalipse econômico. No último domingo, participei da festa de despedida de minha filha que irá estudar na Austrália. Ali, comecei a conversar sobre a crise e sobre o governo Lula com pessoas da classe média paulistana, talvez a classe social mais refratária ao governo.
O discurso dessas pessoas diante da questão da crise envergonharia a mídia. O discurso do conservador paulistano de classe média é de desqualificar estatísticas de todo tipo, desde a popularidade de Lula até a medição do PIB. Todas as estatísticas seriam forjadas em prol do governo “comunista” que teria o país. Essas pessoas acreditam nos boatos que recitam entre elas como se fossem fatos amplamente conhecidos e inegáveis. Lula é popular em 70%? Ah, eles nunca foram pesquisados por nenhum instituto e, portanto, dizem que a pesquisa é falsa e pronto. Assim não têm que refletir por que a popularidade do presidente é tão alta.
O racismo também está em alta entre a classe média paulistana, a exemplo do que acontece na classe alta. Cheguei a ouvir de duas pessoas da minha idade e do meu bairro que elas se consideram racistas, sim. E “com orgulho”.
Foi-me doloroso ouvir o que ouvi. Confrontadas com a afirmação que lhes fiz no âmbito de uma discussão da política de cotas para negros nas universidades, com a afirmação de que, num futuro próximo, veremos médicos e dentistas negros também em São Paulo, onde não existem esses tipos de profissionais com pele escura, aquelas pessoas afirmaram, sem hesitação ou vergonha, que jamais se submeteriam a um médico ou a um dentista negros.
É chocante o nível de reacionarismo que persiste nas camadas mais altas da sociedade. Preconceitos que eu pensava enterrados afloraram com toda força a partir do governo Lula. A impressão que tenho é a de que tanto preconceito sempre ficou submerso por não haver “necessidade” de externá-lo, já que, neste país, estava tudo dominado. Mas, a partir da reviravolta social promovida por este governo, a elite branca voltou a mostrar suas garras.
A aposta da direita brasileira no potencial da crise para lhe conceder um passaporte de volta ao poder continua forte e, até certo ponto, parece justificada, pois o mundo piora a cada dia. Apesar de, aqui no Brasil, os indicadores mostrarem uma marolinha, com poucas dispensas de trabalhadores – e absolutamente localizadas – e dados sobre atividade econômica que não revelam nenhuma queda considerável, o mundo, por sua vez, mergulha em um abismo do qual ainda não se vê o fundo.
Essa hipótese de o Brasil, sendo governado por alguém como Lula – um ex-operário e retirante nordestino –, ficar imune a uma crise que pegou o mundo inteiro de jeito é inaceitável para a elite branca paulista-paulistana, para os conservadores de direita do quartel-general do atraso social no país (São Paulo), para aqueles que pregam o racismo em pleno século XXI, para essas pessoas que qualquer um que reside num bairro “nobre” da capital paulista conhece às pencas.
Os conservadores paulistas são piores do que os gaúchos, do que os catarinenses ou do que os cariocas. Na verdade, o dinheiro da nação está aqui em São Paulo. É aqui que se encastela a quase totalidade dos bilionários brasileiros, que são os que mandam – ou que pensam que ainda mandam – no país, aqueles que estão – ou que estavam? – acima das leis e das convenções todas da sociedade, sendo-lhes permitido até delinqüir, matar, roubar, estuprar, enfim, fazer qualquer coisa sem medo de responder por tais crimes.
Sinceramente, dá medo. Eu até estava meio inseguro quanto à possibilidade de a mídia e a oposição quererem que o país afunde na crise para terem mais chance de eleger José Serra presidente em 2010, mas depois que, numa conversa com o jornalista Luiz Carlos Azenha, ele me revelou que, tanto quanto eu, não tem dúvida nenhuma de que essa gente afundaria o país para retomar o Estado, tive que me conformar com essa desgraça.
Vocês conseguem mensurar a quantidade de desgraças que se abateria sobre o país se a crise se tornasse o que o PSDB, o PFL, a família Marinho, a família Frias ou a família Civita, entre outros, querem que se torne por aqui? Quantos dramas? Quanto sofrimento haveria? Para essa gente, quanto mais sofrimento houver melhores serão suas chances de voltar ao poder. Vejam só!
Agora, eu lhes pergunto: para alguém que despreza outro ser humano apenas porque sua pele tem mais pigmentação, dessa pessoa pode-se esperar o que? E não duvidem, meus amigos, de que é o racismo, nu e cru, o que está na essência da mentalidade dessa elite doente, dessas pobres pessoas degeneradas pela mentalidade vigente numa classe social que inclusive integro.
A venda da crise econômica pela mídia é hoje a maior ameaça que o Brasil enfrenta. José Serra, os Marinho, os Frias, os Mesquita, os Civita e tantos outros integrantes desse grupo político que ameaça o país com sabotagem de sua economia, visando dividendos políticos, são hoje os grandes inimigos da nação, aqueles que tentam incessantemente induzir as pessoas a pararem de consumir na esperança de que a indústria e o comércio parem e o desemprego aumente, o que provocaria quebras de empresas e mais demissões.
O que José Serra e seu grupo político-midiático (supra mencionado) estão fazendo tem até nome: crime de lesa-pátria. E o pior é que a única punição que se pode imaginar viável para essa gente é a derrota nas urnas, quando, na verdade, a punição mais justa para crime dessa magnitude seria nada mais, na menos do que esses criminosos passarem uma bela temporada na cadeia.
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