terça-feira, 24 de agosto de 2010


Dilmais:

Dilma: 46%
Serra/PIG: 28%

Não queremos vocês. Nós queremos Mais.

Epitáfio de Serra/PIG:
Adeus.  
Adeus corruptos, ladrões, mentirosos, rancorosos, invejosos, preconceituosos, racistas, decrépitos, caquéticos, rodas presas, retrógrados e neo-conservadores. Adeus serra, fhc, jarbas, Jungman, maciel, virgílio, bonhausen, Agripino. Adeus vejas, globos, cbns, épocas, estadões, folhas de são paulo, diário de pernambuco, JCs, correio braziliense, rbs, e, principalmente, adeus elite retrógrada, reaça e preconceituosa, que tem nojo e odeia pobre negro e índio, e por isso mesmo,  odeia o Brasil. Vocês perderam (mais uma vez), e nunca mais vamos querer vocês de volta ao poder, vocês jamais irão colocar de novo as chaves do cofre nas suas mãos para se locupletarem, entregarem nossas riquezas às corporações internacionais (evidentemente levando seus 30% de comissão), nem ficar de 4 para Tio Sam. Hoje, não somos mais um País num mundo em que  Tio Sam ditava ordens e nós tínhamos que obedecer, como na era nefasta do desgoverno FHC, hoje nós somos protagonistas de destaque na história do mundo. ELE nos levou a esse patamar e queremos a continuidade. Estou falando de Luis Inácio Lula da Silva, o nordestino de 9 dedos, sem diploma, odiado até a alma pelos racistas de plantão, mas que se tornou uma das maiores lideranças internacionais e o maior presidente da história contemporânea do nosso País.  E isso, paradoxalmente, aumentou o ódio daqueles que fazem da inveja, do rancor, do preconceito e do racismo seu alimento diário. Alimento que os consome, e destrói o que resta de suas almas doentes. Nós não queremos vocês de volta, nós vamos eleger Dilma Roussef, no primeiro turno.

Acesse: WWW.miron-miron.blogspot.com

segunda-feira, 23 de agosto de 2010


Post arrasador: Lula 11 x 0 Serra. Quem manda não entender de pobre ?

Paulo Henrique Amorim

Os tucanos não percebem que a foto está de cabeça para baixo

O Conversa Afiada aceitou sugestão do amigo navegante Edmir:

Edmir disse:
PHA,
sugestão para os leitores do Conversa Afiada:
http://www.amalgama.blog.br/08/2010/por-que-votarei-em-dilma-rousseff/





Por que votarei em Dilma Rousseff
por Celso Barros *

Os três principais candidatos nessa eleição presidencial são muito bons. A terceira colocada deve ser Marina Silva, e Marina Silva seria melhor presidente que 90% dos presidentes do mundo. Levando em conta só os competitivos, nos últimos dezesseis anos só Garotinho (que a The Economist traduzia como “Little Kid”) avacalhou nosso currículo, onde, na minha modesta opinião, devemos ter orgulho de ostentar Lula e FHC.
Mas é preciso escolher, e, no que se segue, argumentarei que a melhor opção para o Brasil no momento é uma ex-guerrilheira nerd.
1.
Um bom governo, na minha opinião, deve (a) ser democrático, (b) não avacalhar a estabilidade econômica, e (c) combater a pobreza e a desigualdade. Por esses critérios, o governo Lula foi indiscutivelmente bom.
O governo Lula, tanto quanto o governo FHC, foi um governo democrático. Quem lê jornal no Brasil não apenas percebe que é permitido falar mal do governo, mas pode mesmo ser desculpado por suspeitar que falar mal do governo é obrigatório por lei. Os partidos de oposição atuam com plena liberdade, os movimentos sociais, idem, e, aliás, eu também. O Olavo de Carvalho se mandou para os Estados Unidos, dizem que com medo de ser perseguido politicamente, mas, se tiver sido por isso, foi só frescura. De qualquer modo, nunca antes nesse país exportamos tantos Olavos de Carvalho.
A economia foi muito bem gerida durante a Era Lula, a despeito do que falam muitos petistas (talvez preocupados com a falta de oposição competente). Companheiros, deixemos de falar besteira: a política econômica foi um sucesso. Mantivemos o bom sistema de metas de inflação implantado por Armínio Fraga no (bom) segundo governo FHC, e acrescentamos a isso: uma preocupação quase obsessiva por acumular reservas internacionais, a excelente ideia de comprar de volta nossa dívida em dólar, e medidas de incentivo fiscal quando foi necessário. A dívida como proporção do PIB caiu consideravelmente, e só voltou a subir quando foi necessário combater a crise. Certamente voltará a cair já agora.
Por essas e outras, fomos os últimos a entrar e os primeiros a sair da maior crise econômica desde 1929. Os tucanos se consideravam uma espécie de Keynes coletivo por terem sobrevivido à crise do México. Com muito menos custo, sobrevivemos à crise dos EUA. E isso se deu porque a economia durante a Era Lula foi muito mais bem administrada do que durante o primeiro governo FHC. No segundo governo FHC, aí sim, a economia foi bem gerida, e Lula fez muito bem em copiar seus métodos de gestão.
E, na área social, o Lula realmente se destaca na história brasileira, e na conjuntura econômica mundial. FHC não merece nada além de parabéns por ter copiado o Bolsa-Escola do governo petista do Distrito Federal (cujo governador havia idealizado o programa ainda na década de 80), e o PT merece críticas por ter atrasado sua adoção insistindo no confuso “Fome Zero” por tempo demais; mas, uma vez re-estabelecida a sanidade, o programa foi implementado com imenso sucesso, e, associado à política de recuperação do salário mínimo, e à boa gestão da economia, geraram resultados que não estavam nas projeções do mais otimista dos petistas em 2002. Para ser honesto, eu sempre votei no Lula, mas nunca achei que fosse dar tão certo.
A pobreza caiu algo como 43%. Vou dizer com palavras, para não dizerem que sou cabeça-de-planilha: a pobreza no Brasil caiu quase pela metade. Rodrigo Maia, escreva essa frase no quadro cem vezes. Mais de 30 milhões de pessoas (meia França, não muito menos que uma Argentina inteira) subiram às classes ABC. Cortamos a pobreza extrema pela metade (mas ainda é, claro, vergonhoso que tenhamos pobreza extrema). A desigualdade de renda caiu consideravelmente: a renda dos 10% mais ricos cresceu à taxa de 3 e poucos % na Era Lula, enquanto a renda dos mais pobres cresceu mais ou menos 10% ao ano, as famosas taxas chinesas. E tem uns manés que acham que os pobres votam no Lula porque são ignorantes ou mais tolerantes com a corrupção. Dê essas taxas à nossa elite e o Leblon inteiro tatua a cara do Zé Dirceu.
Não é à toa que o economista Marcelo Neri, um dos mais respeitados estudiosos da pobreza no Brasil, fala no período de 2003-2010 como “A Pequena Grande Década”. Tanto quanto sei, Neri não é petista.

Por outro lado, há algumas semanas, o sociólogo Demétrio Magnoli escreveu um balanço crítico do governo Lula, que considera um desastre. O artigo praticamente não tem nenhum número. I rest my case.
Clique aqui para ver o vídeo arrasador: Lula 10 x 0 Serra (PHA).

2.

Seria idiota dizer que isso não é, em nenhum grau, motivo para votar na Dilma. Dilma participou ativamente disso tudo, e, no mínimo, apoiou isso tudo. Marina Silva, é verdade, apoiou quase tudo isso. José Serra não o fez, e muitos de seus  simpatizantes continuam convictos de que os últimos oito anos, em que a renda dos brasileiros mais pobres cresceu no ritmo da economia chinesa, foi uma era das trevas da qual a nossa elite bem pensante (hehehe) acordará em breve, chorando de felicidade porque era só um pesadelo.
Mas, até aí, eu considero que a Era FHC também foi boa para o país, por outros motivos, e mesmo assim foi bom que Lula fosse eleito em 2002 (como irrefutavelmente provado acima). Por que não seria esse o caso, agora?
Em primeiro lugar, porque não acho que será bom para o Brasil se o governo Lula tiver sido só um intervalo. Se Serra ganhar a eleição, eis o que se tornará a versão oficial sobre esse período: uns caras com diploma governavam muito bem o Brasil por muitas décadas, aí surgiu um paraíba muito carismático que acabou % ganhando a eleição, mas não fez nada demais, por isso eventualmente a turma do diploma retomou o controle da coisa toda. Coloquei um sinal de porcentagem no meio da frase para que ela tivesse pelo menos um erro que não fosse também papo furado.
É importante compreender que os novos atores que compõem o PT vieram para ficar, pois são sócios-fundadores de nossa democracia, e que, de agora em diante, o Brasil é um país com uma esquerda que sabe ser governo. Isso quer dizer que agora a direita, para vencer eleições, precisa apresentar boas candidaturas (de preferência sem roubar nossos sociólogos, ou economistas heterodoxos) e, o mais crucial de tudo, apresentar propostas para os mais pobres, que acabam de descobrir que podem melhorar imensamente suas vidas com o voto. A direita brasileira ainda não fez esse trabalho: continua pensando como se fosse um direito natural seu governar o país, e esperando que algum movimento legitimista re-estabeleça a ordem nesta budega.
Enquanto a justiça eleitoral não fizer o voto do Reinaldo Azevedo ter peso 50 milhões, a estratégia de fingir que o governo Lula não desmoralizou os anteriores, diminuindo a pobreza sem desestabilizar a economia, não vai ganhar eleição. Enquanto não tiver um projeto para o país (o que, diga-se, o Plano Real foi), a oposição não merece voltar ao governo. Como o PT dos anos 90, por exemplo, não merecia ganhar a presidência, pois seu programa era o que, no jargão sociológico, era conhecido como “nhenhenhém”. O PT venceu quando reconheceu que o papo agora era outro, e era preciso partir das conquistas já alcançadas. Não há sinal que consciência semelhante exista na oposição como bloco político, embora, sem dúvida, o candidato Serra o tenha compreendido.
3.
Mas esse tampouco é o melhor motivo para se votar na Dilma. O melhor motivo para se votar na Dilma é a Dilma.
Dilma tem uma trajetória política muito singular, como, aliás, tinham FHC e Lula. Quem tiver lido seu perfil recente na revista Piauí pode notar que há tantos fatos interessantes na sua vida que o jornalista mal teve espaço para falar dela, como pessoa. Dilma foi guerrilheira, foi torturada, e, durante a democratização, entrou para o PDT. Quando visitou, recentemente, o túmulo de Tancredo, a turma de sempre reclamou que o PT não o havia apoiado no Colégio Eleitoral. Bem, Dilma, como o PDT, apoiou Tancredo. Eventualmente, foi parar no PT, onde cresceu fulminantemente, e foi beneficiada pela decisão da oposição de queimar um por um dos quadros petistas mais famosos, algo pelo que, suspeito, já começam agora a se arrepender. Estariam pior agora se o candidato do Lula fosse, digamos, o Dirceu?
Tem gente que, com temor ou esperança, acha que Dilma mudará o rumo da economia. Eu posso estar errado, mas, baseado no que vi até agora, acho o seguinte: Dilma está singularmente posicionada para fazer com que, sob essa mesma política econômica, e com o mesmo compromisso com a justiça social, o país comece a crescer bem mais rápido do que cresceu nos últimos dezesseis anos.
Eu gosto de dizer o seguinte sobre política econômica: é verdade, o Banco Central desacelera o crescimento quando mantém os juros altos (e segura a inflação). Mas, a essa altura, o crescimento econômico já levou uma surra; antes de chegar no Banco Central, o carro do crescimento já tomou batidas da nossa falta de política de inovação, da baixíssima capacidade de investimento do Estado, da pobreza (que diminuiu, mas, para nossa vergonha, ainda está aí), do nosso abissal nível de qualificação educacional, dos entraves inacreditáveis para se abrir ou fechar um negócio, dos problemas gravíssimos da nossa urbanização. Essa desacelerada que o Banco Central dá é porque, depois de tomar tanta batida, ou nosso carro desacelera ou ele desmonta na pista.
Nossa visão deve ser a seguinte: queremos ter produção tecnológica como a Índia, mas com muito mais preocupação com a justiça social, e queremos ter o crescimento da China, mas com a mais absoluta democracia e com as garantias ambientais necessárias. Se esses limites nos atrasarem um pouco, paciência, somos, em nossos melhores momentos, um país que leva essas coisas a sério. O que não é admissível é que qualquer coisa que não nossos princípios atrase nosso progresso.
Muita gente diz que Lula entregou a candidatura à Dilma de mão-beijada, mas, aproveito para advertir, muita calma nessa hora, meu povo. Lula também lhe entregou uma roubada incrível, que foi também um teste. Quando Dilma foi colocada na direção do PAC, experimentou em primeira mão o quão ineficiente é nosso Estado como indutor do investimento: uma legião de entraves burocráticos, pressões políticas e uma história de más prioridades tornaram nosso Estado incapaz de investir e de oferecer infra-estrutura (tanto física quanto legal quanto humana) para o investimento privado.
A beleza da coisa é que Dilma é uma c.d.f. obcecada por políticas públicas. Quem leu sua entrevista no livro organizado pelo Marco Aurélio Garcia e pelo Emir Sader não pode ter deixado de se divertir com a diferença entre as coisas que os entrevistadores querem perguntar e as coisas que ela quer responder: os caras lá falando do liberalismo, de não sei o que mais, e ela animadona com um jeito de furar poço de petróleo, com um jeito qualquer de administrar hospital. Respeito muito o Marco Aurélio, que foi meu professor, mas a Dilma sai da entrevista muito melhor que ele e o Sader.
Me anima especialmente que, em vários momentos, tenha visto Dilma puxando o assunto das políticas de inovação. O Brasil não vai dar um salto qualitativo em termos de desenvolvimento enquanto não produzir tecnologia. Tecnologia é o tipo de coisa que depende de bons arranjos entre governo e setor privado, e, a crer nos relatos até agora a respeito de sua passagem pelo ministério de Minas e Energia, Dilma tem uma postura pragmática saudável nessas questões.
Lula deu ao capitalismo brasileiro milhões de novos consumidores, e essa descendência política exigirá de Dilma compromisso forte com a inclusão social. Mas agora é hora de dar ao capitalismo brasileiro a competitividade necessária para que ele gere os empregos de que precisam os novos ex-miseráveis, os formandos do ProUni, ou das novas Universidades Federais, inclusive; é hora de montar um Estado que entregue aos cidadãos as cidades necessárias à boa fruição da vida moderna, e montar um sistema de inovação tecnológica que tire da direita o monopólio do discurso moderno.
Por conhecer melhor do que ninguém o tamanho desse déficit, e pelo que se depreende de sua postura até agora diante desses problemas, Dilma Rousseff é a melhor opção para a presidência do Brasil nos próximos oito anos.
Até porque, contará com um recurso que só o PT tem: uma imprensa tão hostil que o sujeito realmente, realmente tem que prestar atenção para não fazer besteira. Superego é uma coisa útil, senão você trava.
4.
Certo, mas deve ter gente pensando, ah, mas ela é só uma tecnocrata, vai ser engolida pelos políticos (o bom é que essa mesma turma dizia que o Lula, por não ser um tecnocrata, ia ser engolido pelos políticos). Deve ter gente, à direita e à esquerda, com esperança de manipular a Dilma. A Dilma, no caso, é aquela menina que, aos vinte e poucos anos, inspirava respeito até nos caras do Doi-Codi, como se depreende dos documentos da época. Se quiser ir tentar manipular essa dona aí, rapaz, boa sorte, vai lá. Depois você conta pra gente como é que foi.

Entenda a decadência do PIG

Cidadania

 


Nos mais de 1300 dias decorridos desde a segunda posse de Lula na Presidência, cada um deles foi dedicado pela mídia (Globo, Folha, Veja, Estadão e ramificações) à destruição da imagem de seu governo, com uma sucessão de campanhas acusatórias nos veículos de comunicação supra mencionados, compreendidos por televisões, rádios, jornais, revistas e portais de internet.
Uma busca no Google das palavras “Dilma, governo Lula, dossiê, FHC”, por exemplo, redunda em 603 mil resultados. Essas palavras remetem ao pseudo dossiê que o PT teria feito sobre os gastos de FHC com despesas da família presidencial durante o governo tucano.
O leitor pode escolher qualquer um dos muitos escândalos forjados e alardeados pela mídia desde que Lula chegou à Presidência e usar palavras-chaves do assunto para buscar no Google que encontrará centenas de milhares de matérias da grande mídia, todas elas dando de barato que Lula, Dilma ou o PT eram realmente culpados.
Como se não fosse suficiente, neste ano passaram até a falsificar pesquisas eleitorais para tentar eleger José Serra, que, desde que disputou a eleição presidencial de 2002 com Lula,  converteu-se em um novo Fernando Henrique Cardoso, o político que, antes de Serra, foi o que teve mais meios de comunicação a seu serviço desde que decidiu disputar a Presidência da República em 1994.
O governo FHC foi uma época de escuridão da democracia brasileira. Ao poder do Estado, somou-se o Quarto Poder, o poder discricionário de uma imprensa que criava crises ininterruptas para os adversários do PSDB, estivesse o partido no governo ou na oposição.
Esse fenômeno foi desencadeado pela anomalia que, em pleno século XXI, mantém o Brasil como o sétimo país mais desigual em um mundo com cerca de duas centenas de Estados soberanos. É o fenômeno pelo qual uma elite de ascendência indo-européia se tornou dona de pelo menos 30% do PIB. Uma elite que não congrega mais do que cinco mil famílias, conforme detectou o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, o Ipea.
Esse poder de uma elite étnica e geográfica ganhou nova roupagem a partir de meados do século XX graças ao fenômeno da comunicação de massas, que, diante da inevitabilidade da democracia, permitiu àquelas elites direcionarem o voto popular.
Esse processo de utilização da imprensa como arma da aristocracia dominante para eleger governos submissos chegou ao ápice em 1964, com um golpe militar forjado nas páginas dos mesmos Globos, Folhas, Vejas e Estadões já mencionados. Golpistas e imprensa atuaram em absoluta consonância para destituir um governo legitimamente eleito e implantarem uma ditadura de vinte anos no Brasil.
No pós-redemocratização, a partir de 1989, com a primeira eleição legítima para presidente da República em mais de duas décadas, o poder midiático novamente continuou elegendo seus candidatos até 1998, quando o candidato de plantão da elite indo-européia, Fernando Henrique Cardoso, praticou um dos maiores estelionatos eleitorais da história, que, inclusive, quatro anos depois sepultou o poder daquela elite de eleger governos nacionais.
FHC elegeu-se em 1998 prometendo manter o dólar valendo cerca de R$ 1,20 e pregando que, se Lula vencesse, desvalorizaria uma moeda que já não valia mais nada em meio a um processo de destruição econômica do país, o qual o mesmo FHC endividaria até o pescoço com o FMI, o Clube de Paris e o governo americano no ano seguinte.
A mídia supra descrita passou 1998 inteiro referendando o discurso tucano e fustigando a oposição petista. Inventaram mais um escândalo para Lula, referente a propina que teria recebido na forma de um automóvel Ômega, e pregando que sua eleição traria de volta uma inflação que já voltava sozinha por conta da débâcle econômica do país.
Ao fim do segundo governo tucano, a população assistiu, bestificada, a uma mídia que se calava enquanto o país, além da crise econômica, mergulhava em um racionamento de energia draconiano que multiplicou várias vezes as contas de luz e fez indústrias irem à beira da falência por falta de energia para produzir.
A partir dali, a mídia perdeu o poder de conduzir o eleitorado como gado. Passou 2002 inteiro repercutindo o discurso do medo de José Serra, com George Soros dizendo que era “Serra ou o caos” e tudo mais, mas o povo deu uma descomunal banana para Globos, Folhas, Vejas, Estadões e penduricalhos e elegeu o primeiro presidente oriundo do operariado.
Ocorre que esse poder aristocrático formado pela promiscuidade entre a elite indo-européia, a imprensa e o Estado acabou sofrendo uma sangria de recursos muito grande a partir da eleição de Lula. FHC doou aos grupos de comunicação já mencionados parte da roubalheira da privataria tucana nas comunicações e lhes entregava verbas públicas à farta. Lula pôs um freio no escândalo.
De 500 veículos de comunicação que dividiam toda a descomunal verba de publicidade oficial até 2002, hoje essas verbas são distribuídas a mais de cinco mil veículos – e acho que esse número pode estar defasado. Diante disso, a mídia que descrevi desencadeou uma guerra contra o governo Lula e, depois, contra a sua candidata a sucedê-lo.
Também porque a mídia precisa ter o que vender aos políticos de direita – se não tiver poder para influir nos processos eleitorais, não terá como barganhar para que o governo de São Paulo, por exemplo, compre milhares de assinaturas de uma Folha ou de um Estadão ou os livros escolares de geografia com mapas contendo dois Paraguais como os que a Veja editou e vendeu a Serra nos últimos anos, durante o seu mandato de governador.
Pela terceira vez no século XXI, Globos, Folhas, Vejas e Estadões vão perdendo uma eleição presidencial junto com um seu candidato tucano. Aliás, a preocupação com essa enorme derrota já está produzindo efeito. Com exceção da Globo, que continua tentando eleger Serra, os outros parecem estar desembarcando de sua candidatura como se nunca a tivessem integrado.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

O próximo Datafolha


Quem leu a ombudsman da Folha de São Paulo, Suzana Singer, no domingo já sabe o que esperar da pesquisa Datafolha do próximo fim de semana. Confiando na argumentação da “margem de erro”, Singer tenta “explicar” as diferenças dos números para os outros três grandes institutos – Ibope, Sensus e Vox Populi, que colocam Dilma à Frente de Serra.
Segundo a ombudsman, “os resultados não são tão diferentes se a margem de erro for levada em conta”, pois, “no limite do Datafolha, Serra teria 35% e Dilma 38%”, e, no Ibope, “o tucano estaria com 36% e Dilma com 37%”. E como não dá para fazer esse cálculo enviesado com os números de Sensus e Vox Populi, ela não faz e nem diz por que.
A ombudsman também especula, em busca de “explicações”, que o Datafolha poderia estar “atrasado” em relação aos números dos outros institutos – uma semana de atraso.
Segundo Singer, quando o instituto de pesquisas do patrão foi a campo não teria ocorrido ainda um crescimento de Dilma que o Ibope captou uma semana depois. Novamente, a moça esquece de Sensus e Vox Populi, que anunciavam a ultrapassagem de Serra por Dilma antes e continuaram anunciando depois.
A ombudsman de mentirinha ainda diz que “militantes mais exaltados” do PT “preferem acreditar que Datafolha e Folha são uma entidade única a favor do PSDB” e rejeita a acusação dizendo que o instituto é “uma empresa à parte”, apesar de ter o mesmo dono e de ser o único que dá vantagem a Serra sobre Dilma.
Estamos às portas de um momento crucial. Terça-feira da semana que vem começa o horário eleitoral na tevê. Seria desastroso para Serra chegar atrás de Dilma a esse ponto, de forma que o Datafolha deve registrar novo “empate técnico” alegando que ocorreu por conta do debate de quinta-feira passada, que colunistas do PIG estão dizendo que foi vencido pelo tucano “por pontos”.
Que ninguém se iluda, a Folha acha que não há como ser condenada pelo crime eleitoral de falsificação de pesquisas devido a dificuldades que acredita existirem para provar que tenha sido cometido. Além do que, o grupo empresarial da família Frias sabe que a investigação na Polícia Federal pedida pelo Movimento dos Sem Mídia não caminhará tão rapidamente e, assim, aposta na eleição do tucano para bloqueá-la.
Há muito em jogo nesta eleição. Um país enriquecido, com negócios imensos para fazer com petróleo, montado em centenas de bilhões de dólares de divisas, com a economia “bombando”. Um prato cheio para quem sonha voltar ao poder para terminar o que FHC não terminou no âmbito da privataria, ou seja, queimar patrimônio público e sumir com o dinheiro.
E se os grupos Folha, Estado, Abril e as Organizações Globo acreditam firmemente que estão acima das leis e das instituições, eles têm até boas razões para isso…
Já o Ibope, não tem a condição de ousar que tem o Datafolha. Apesar das ligações que tem com a Globo, é uma empresa à parte e não tem como estar seguro de que será protegido de uma investigação da Polícia Federal. Ousar como o instituto de pesquisas dos Frias é aposta muito alta para Carlos Augusto Montenegro.
Mas, vejam só, que a representação do MSM isolou o Datafolha. Não é pouco.
O instituto de pesquisas da Folha só deverá começar a publicar números reais quando a eleição estiver mais próxima, exatamente como aconteceu em quase todas as eleições na Venezuela nos últimos anos – os institutos de pesquisa da oposição só se ajustaram à realidade a poucas semanas do escrutínio das urnas.
Apesar de o grupo empresarial da família Frias achar que pode tripudiar das leis, do direito e da democracia ao tentar ludibriar um país inteiro com falsificações grosseiras de sondagens da vontade do eleitorado, só quero que fique bem registrado que eu, Eduardo Guimarães, avisei ao Grupo Folha que ele teria que responder na Justiça pelo que está fazendo.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010












A última chance de Serra


Deus sabe como repudio a hipótese de alguém como José Serra se tornar presidente da República. Considero esse homem um perigo para o país. Se vencesse a eleição, o Brasil seria atirado em uma aventura imprevisível. Vaidoso e truculento, mostrou-se irresponsável a ponto de escolher um sujeito de cabeça vazia para ocupar uma posição em sua campanha como a de candidato a vice-presidente, sujeitando o país ao risco de ser governado por essa pessoa em caso de se eleger presidente.
Contudo, o que me entristece e desanima é assistir a uma campanha eleitoral como a que temos tido até aqui, ainda que a campanha em si só comece, para o conjunto da sociedade, a partir do início do horário eleitoral na televisão, acima de tudo. Acho que o Brasil merecia uma campanha melhor, com uma discussão séria sobre o rumo do país nos próximos anos.
Temos essa riqueza imensa que é o pré-sal para explorar, por exemplo, o que nos gera o magnífico problema de termos que discutir como investir e distribuir as centenas de bilhões de dólares que ainda brotarão da exploração dessa cornucópia dourada com que a natureza nos presenteou. Temos uma economia robusta e organizada que precisa continuar sendo gerida com a mesma competência com que tem sido até aqui para que possamos melhor aproveitar janela de oportunidade tão larga que a nação tem diante de si.
Em vez disso, qual é a discussão com que o candidato tucano e seus jornais, revistas, televisões, rádios e portais de internet têm brindado a sociedade? A discussão que dominou a imprensa amiga do tucano e o discurso dele durante todo o primeiro semestre foi, como tem sido há vinte anos, em torno de bobagens ideológicas e politiqueiras sobre o PT, Lula e, sobretudo, Dilma, persistindo na tática que tantas vezes se mostrou ineficiente de desmoralizar os adversários estigmatizando-os como corruptos, desleais e até pervertidos.
Na semana que termina, a “menina do Jô” Lúcia Hippolito teve uma nota sua publicada no blog do Noblat a qual dizia que o que o povo quereria, em campanhas eleitorais, supostamente seria “sangue”, ou seja, baixarias, acusações, arranca-rabos. O blogueiro excluiu o post pouco depois de ter sido publicado. Todavia, o texto revela o que se passa na cabeça dessa gente, a crença fundamentalista da direita na burrice popular, o desprezo que a elite nutre pelo povo.
Essa gente está redondamente enganada. Serra, principalmente. Até pode ter sido assim, um dia, mas hoje não é mais. Estão confundindo a mentalidade embotada do povo de São Paulo, a parcela da população brasileira mais exposta à imprensa tucana em todo país, com a do resto da sociedade brasileira.
Até faz sentido que São Paulo destoe tanto do resto da Federação. Foi dos Estados que menos colheram os benefícios do boom econômico e social brasileiro, e isso se deu por força da âncora tucana, de interesses políticos que impedem o meu Estado de aproveitar tudo o que o governo federal ofereceu ao resto do país desde 2003.
O mais irônico do fundamentalismo político paulista é que, ao adotar uma postura irracionalmente raivosa em relação ao metalúrgico alçado à Presidência, o povo de São Paulo pôs no governo do Estado um grupo político composto pela direita mais atrasada e truculenta do país, um bando de fanáticos que busca reproduzir o que há pior na feroz direita norte-americana. Gente avessa a distribuição de renda, que chama o Bolsa Família de “bolsa-miséria”, que odeia nordestinos e negros, que promove cruzadas na mídia e no judiciário para impedir negros pobres de irem à universidade…
As chances de Serra diminuem de forma tão drástica e acelerada porque quanto mais a tática do medo e da difamação pela mídia fracassa, mais ele insiste nela, mais obriga a imprensa conservadora, que vê nele uma amalucada “tábua de salvação” da elite que concentra renda, a promover essas campanhas de desmoralização da adversária. Nesse processo, excessos como o de caricaturar Dilma Rousseff como prostituta ou o de chamar o partido dela de “narcotraficante” acabam sendo inevitáveis, mostrando ao povo que não deve esperar do candidato conservador que se proponha ao debate sério sobre os rumos do país.
Mas não precisa ser assim. Serra tem a possibilidade de sair desta campanha eleitoral até maior do que entrou, mesmo que não vença a eleição. Poderia preservar… Ou melhor, preservar, não, mas lustrar a própria biografia, já que, como está hoje, não é lá muito edificante. Como ele poderia fazer isso? Meramente dando ao país um debate eleitoral decente, civilizado, respeitoso, que mostrasse estar preocupado em oferecer à sociedade um caminho alternativo claro.
Entretanto, já virou um truísmo dizer que Serra não tem o que propor ao país, até porque muito do que o seu projeto político encerra não é do interesse da sociedade, sendo um projeto de interesse das castas sociais brasileiras para redirecionarem o desenvolvimento para o Sul e para o Sudeste do país e para os interesses das grandes corporações empresariais, que, não por outra razão, em eventos durante o ano declararam apoio irrestrito ao tucano, conforme o farto noticiário disponível revela.
Na falta do que propor, o candidato do PSDB à Presidência se torna dependente de sua relação com as famílias Marinho, Civita, Mesquita e Frias e algumas outras menos importantes, donas de impérios de comunicação colocados a serviço do tucano para desmoralizar os adversários.
Esses grupos empresariais de comunicação, pela vez deles, dependem de produzirem resultados políticos para os aliados como forma de preservarem a influência que sempre exerceram sobre o poder no Brasil e que lhes permitiu se tornarem as potências econômicas que se tornaram, com milhares de empregados e faturamentos na casa das centenas de milhões de reais.
A última chance de Serra não é nem a de vencer a eleição, pois não consigo enxergar este povo se arriscando a pôr de novo no poder um grupo político que, quando governou, causou tanto sofrimento. É a chance de manter a dignidade na derrota e de não destruir o PSDB, ao menos, já que o DEM está com os dias contados. Serra pode usar a campanha eletoral na TV para debater problemas sérios que o país tem como o de não poder baixar os juros ou o de continuar sendo tão desigual.
Contudo, é um debate que não está ao alcance do tucano simplesmente porque contraria os interesses que ele representa e dos quais se propõe a ser mero despachante. Na impossibilidade de discutir o que interessa aos brasileiros, embrenha-se nesse matagal ideológico que não comove praticamente ninguém no Brasil. Ironicamente, portanto, Serra não terá como usar a última chance que tem de encerrar sua carreira política de forma menos patética.